sábado, março 11, 2017

JOHN STURGES: Fugindo do inferno

Este é o terceiro post sobre a tríade de melhores filmes do diretor John Sturges. Os outros dois foram sobre Conspiração do silêncio e Sete homens e um destino.

FUGINDO DO INFERNO


Neste filme, lançado em 1963, Sturges e seus roteiristas pegaram uma história real, romancearam um pouco, criaram personagens que cativam o público, escolheram locações onde os eventos realmente se passaram (em 1943, na Alemanha, hoje território polonês) e pronto: três horas passam num piscar de olhos.

 Thwarted... the great escape from Schoolditz: Pupils foiled as ...



            Na cartilha de Sturges, fazer um excelente filme de aventura requer umas regrinhas básicas.

      Regra número um: reunir um elenco fenomenal. Richard Attenborough, Steve McQueen e James Garner. É mole ou quer mais? Que tal James Coburn, Donald Pleasence e Charles Bronson?

          
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  Regra número dois: escolha uma história que envolva o público. A fuga de um grupo de oficiais aliados de um campo de concentração alemão, em 1943. Os personagens do filme são fictícios, mas os detalhes da fuga são exatos.

 Regra número três: inclua no roteiro situações de muita ação, mas precedidas de conteúdo, desenvolva os personagens, faça o público criar empatia com eles.

  Regra número quatro: boa música e boa montagem.

            A FILM TO REMEMBER: “THE GREAT ESCAPE” (1963) - Scott Anthony - Medium
           



         Nos comentários do DVD, James Coburn e James Garner elogiam a habilidade de John Sturges em comandar a equipe: não deixava nada mal explicado ou mal entendido. Nota-se pelas fotos que o clima nas filmagens era bem descontraído.

            Bem, resta-me comentar algo sobre os personagens imortalizados no filme. Cada um tem um drama pessoal que o espectador fica conhecendo. É justamente essa parte, a construção dos personagens, o registro da amizade, que falta nos filmes de guerra de hoje. Parece que as plateias de hoje se impacientam com dez minutos sem um tiro, uma morte escabrosa, uma explosão.

            Steve McQueen é o capitão Virgil Hilts, o aviador americano que vive descumprindo as normas e tentando escapar. Por conta disso, quase sempre está na “geladeira”, espécie de solitária, onde seu único passatempo é arremessar a bola de beisebol na parede.

            O comando da construção dos túneis é responsabilidade de Big X, interpretado por Richard Attenborough. Para o sucesso da fuga, entretanto, é preciso saber a posição do campo em relação à cidade mais próxima. Em resumo, um mapa das cercanias. McQueen recebe a incumbência, porém só concorda depois de ver um amigo sendo fuzilado e morto no arame farpado.

            O falsificador, o tenente Colin Blythe (vivido por Donald Pleasence), prepara documentos para todos os 250 homens que pretendem fugir. Mas tem um problema degenerativo de visão e só é autorizado a participar da fuga pela intervenção do seu amigo, o tenente Bob Hendley (James Garner), que se compromete a acompanhá-lo.


            O personagem de James Garner é o cara que consegue os materiais e equipamentos, é o “produtor executivo” da fuga. James Coburn é o aviador Louis Sedwick, que inventa artefatos com os materiais solicitados a Garner. Charles Bronson é o tenente Danny Velinski, o “rei dos túneis”, um cara que já construiu dezesseis túneis, como forma de combater o mal de que sofre: a claustrofobia.


Uma hora nas preliminares, uma hora na fuga e uma hora no destino dos fugitivos, mais ou menos. Assim se estrutura o filme de 172 minutos. É no terceiro ato que estão algumas das cenas clássicas, como a de McQueen saltando de moto a cerca de arame farpado na fronteira.
      

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