A fonte da vida (The fountain) é o terceiro filme de Darren Aronofsky. O primeiro, Pi (1998), lhe valeu o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Sundance. Trata-se da história de um matemático e suas piras, seus vizinhos excêntricos e suas descobertas científicas, gravadas em preto e branco estilizado, com direito a enxaquecas atormentadoras e até mesmo a um cérebro perdido numa escadaria. Com uma estréia desse tipo, e com o aval concedido por um dos festivais mais badalados do cinema dito 'alternativo', Aronofsky precisava confirmar o talento no segundo filme. Réquiem para um Sonho (2000), a excruciante derrocada de quatro personagens causada pelo consumo de drogas, foi, para uns, a confirmação de seu gênio; para outros, mais um produto de uma mente doentia e pretensiosa.
O longo tempo entre o segundo e o terceiro trabalho deveu-se aos altos e baixos do projeto de The fountain. Cancelado, passou por uma recauchutada no roteiro, com vistas a reduzir o custo, e saiu enfim do papel.
O grande mérito de A fonte da vida (2006) é sua imprevisibilidade. O espectador nunca sabe para onde será levado; essa sensação de insegurança e perplexidade chega a ser exasperante, tanto que é difícil fazer uma 'sinopse' do 'enredo'. Vamos dizer que o filme narra de forma não linear três histórias cujo ponto em comum são a busca incessante pela vida, ou pela não morte. Outra intersecção entre as três diferentes eras e locais - além da música hipnotizante de Clint Mansell - são as personagens vividas por Hugh Jackman (Tomas, Tommy e Tom Creo) e Rachel Weisz (Isabel e Izzy Creo). A história que se passa no tempo atual é a do casal Tom e Izzy Creo, ele um pesquisador que luta para descobrir a cura de tumores cerebrais e ela uma portadora de câncer no cérebro. Izzy escreve um livro, mas falta um capítulo de conclusão. É no texto de Izzy que se passa a segunda história, a de um conquistador que tenta achar a Árvore da Vida. Na terceira história ou dimensão, um homem dentro de uma esfera brilhante medita enquanto toma conta de uma árvore. A atuação de Hugh Jackman, metamorfoseando-se física e psicologicamente em três personagens, é bárbara, talvez o trabalho em que mais tenha sido exigido.
Faço parte de uma comunidade no orkut chamada "Eu entendo David Lynch". E acho que vou abrir uma com o título "Eu entendo Darren Aronofsky". Na verdade, não procuro entender nenhum deles. Quero dizer, não faço força para entendê-los. Talvez porque ache que para entender Lynch é preciso ter o coração selvagem. Como para entender Réquiem é preciso ter tido pelo menos um sonho frustrado - e reconhecer a irreversibilidade dessa frustração. Como para entender A fonte da vida é preciso ter sofrido uma grande perda; e para entender a angústia de Tom Creo pela falta da aliança no dedo, é preciso ter passado por experiência similar. É essa a grande contradição do cinema de Aronofsky: é um cinema pretensamente "cabeça" que para ser 'entendido' exige "coração".
Dizia Rainer Maria Rilke que toda arte genuína surge de uma necessidade. A impressão que se tem é que o cineasta nascido no Brooklyn tinha que realizar A fonte da vida; precisava terminar essa questão para poder prosseguir em sua carreira.
HUGH JACKMAN RULES!
ResponderExcluirsooooooooooo rules!! I am looking forward to seeing this moving.
ResponderExcluirOntem fui ver "Little miss Sunshine", um filme que deveria ter estado por aqui! muuuuuito legal!! Te faz rir aos montes! saí leve do cinema!
olá! Aqui é o Filipe. Fui ver os vídeos da Miranda July, não entendi muita coisa, hehehe. quero ver outra vez. achei muito experimental.
ResponderExcluirro7lml@hotmail.com
meu msn.
abraços!!!
eu vou deixar aqui o comentário de um filme que ainda não assisti! eu até tentei, mas qd fui vê-lo, já havia saído de cartaz. impressão minha ou o filme passou nos cines de POA como um cometa?!?! tudo bem que é um "alternativo", mas... a set dedicou o número de novembro ao Hugh Jackman e uma matéria só contando a odisséia de "A fonte da vida", mas ainda assim não convenceu os "empresários" do cinema! de todo modo, como eu disse somewhere else, vc é sempre bom, mas às vezes escreve de forma impecável. foi o caso desse filme. inserir suas experiências pessoais ao comentário foi uma boa sacada e enriqueceu o texto. fazendo uso das suas própias palavras, Henrique Guerra é um cara pretensamente "cabeça" que para ser 'entendido' exige "coração". :P
ResponderExcluirBom, prometo que da próxima vez faço comentário de um filme a que assisti! deve ser frustrante pra alguém que mantém um site como esse receber um comentário de alguém que não assistiu o filme! rs Sorry!
Good night!
Márcia
é inevitável ao falar dos filmes não revelar algo de si; entretanto, aproveito o gentil comentário para esclarecer que as associações do teor dos posts com prováveis 'experiências pessoais' do autor são por conta e risco do(a) leitor(a), e em nenhum momento intencionais. em outras palavras, meras coincidências.
ResponderExcluirNever mind! Alguns dizem que Clarice L. fazia uma "autobiografia não planejada" - ela e os personagens que criava se fundiam. Até onde vai cada um, só ela (ou nem ela) saberia dizer. Portanto, não me importa se as experiências pessoais do autor são puramente verídicas ou invenções de si mesmo. Pra mim, não muda nada!
ResponderExcluirMárcia
Hugh Jackman numa banheira. Já vale o ingresso.
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