No romance Life of Pi, publicado em 2001 e laureado com o Man Booker Prize, o canadense Yann Martel fragorosamente roubou a ideia do romance Max e os felinos (1981), do escritor gaúcho Moacyr Scliar. Não houve processo por plágio, e Scliar contentou-se com uma menção no prefácio de Life of Pi, em que Martel reconhece ter se inspirado em Max and the Cats para compor sua narrativa. Não demorou para que a indústria percebesse o potencial cinematográfico da saga de Piscine, o jovem indiano que vai migrar com seus pais para o Canadá, junto com todos os animais do zoológico, a bordo de um cargueiro japonês. O navio naufraga numa tempestade, e Pi se vê confinado no exíguo espaço de um bote salva-vidas, em companhia da zebra, da hiena, do orangotango e, é claro, de Richard Parker - o faminto tigre de bengala. As estratégias e os recursos utilizados pelo jovem na tentativa de se manter vivo são o leitmotiv do roteiro. Para isso, Pi terá que lançar mão de toda a sua tenacidade e, de quebra, contar com inusitadas coincidências, como o afortunado encontro com um cardume de peixes-voadores e uma breve estadia numa misteriosa ilha. Bebendo na fonte de Um barco e nove destinos (Alfred Hitchcock, 1944) e de O velho e o mar (John Sturges, 1958), o filme As aventuras de Pi é um deleite para os olhos, com cenas de plasticidade esplendorosa, realçadas pela tecnologia 3-D e conduzidas com a tarimba de Ang Lee.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é bem-vindo!