Em sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre, no Cine Santander, os cineclubistas tiveram a oportunidade de conferir um clássico da animação restaurado: O rei e o pássaro, do diretor Paul Grimault, coescrito juntamente com o poeta Jacques Prévert. O filme foi realizado ao longo de várias décadas, pois a versão que foi lançada não teve a aprovação dos realizadores. Esta versão restaurada foi a que Grimault "assinou embaixo".
O roteiro baseia-se frouxamente no conto A pastora e o limpador de chaminés, de Hans Christian Andersen.
Um rei que vive num cenário meio futurístico meio medieval é odiado pelos súditos e pelos pássaros, alvos de sua sanha de caçador com péssima mira, mas insaciável sede de sangue.
Esta parte do filme bem poderia ser uma crítica contundente às pessoas que ainda hoje se dedicam a matar animais silvestres indiscriminadamente e impunemente nas matas nativas do Rio Grande do Sul.
O caçador clandestino do século XXI é bem representado por este monarca de Grimault: arrogante, insensível, egoísta e descartável.
Tão descartável é o rei que lá pelas tantas ele é substituído por sua própria imagem que está pintada num quadro. A figura ganha vida, elimina o rei verdadeiro e parte em busca de outras duas personagens que surrealmente se transformaram de pinturas em gente: a pastorinha por quem o rei falso é apaixonado, e o limpador de chaminés, por quem ela é apaixonada.
A partir daí o filme se torna mais movimentado, com a participação do pássaro e seus filhotes ajudando a pastora e o limpador de chaminés a escapar da guarda real e das garras do falso monarca, mas não menos tirano que o verdadeiro.
Como toda obra densa, traz muitas influências e acaba influenciando muita gente boa também.
Este artigo menciona que a animação japonesa bebeu da fonte de Grimault.
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