Inferno na torre, de John Guillermin, é o símbolo de uma época, o ponto alto de um tipo de cinema direcionado a retratar a morte de inocentes (e nem tão inocentes assim).
O roteiro é o grande astro do filme, para o bem e para o mal. Primeiro, pela capacidade de criar personagens com os quais o público vai criar uma certa empatia.
O arquiteto vivido por Paul Newman é um bom-caráter, um sujeito que está disposto a arriscar a própria pele para salvar outras pessoas e se indigna ao descobrir que o construtor do prédio "economizou" no material elétrico.
E, é claro, o bombeiro encarnado por Steve McQueen, ícone de coragem, sangue frio e heroísmo.
A antipatia é direcionada ao genro (Richard Chamberlain) do construtor (William Holden), os dois responsáveis pela desprezível decisão de "baratear" os custos da obra, colocando em risco a segurança.
Resultado: no dia da inauguração do prédio, em plena festa, com senador e prefeito presentes, o pandemônio está prestes a acontecer. O incêndio está se alastrando e o dono do prédio tenta minimizar e deixar a festa rolar. Situação parecida acontece em Tubarão (1975), quando os locais tentam abafar as ocorrências para não espantar os veranistas.
O filme é uma adaptação de dois livros, e imagino que isso tenha permitido ao roteirista tentar aproveitar o melhor de cada um. É uma curiosa situação em que dois estúdios resolveram unir forças para que um filme não "canibalizasse" o outro. Fox e Warner Brothers, que tinham os direitos de The Glass Inferno e The Tower, respectivamente, uniram forças para realizar este tenebroso, sombrio e catastrófico arrasa-quarteirão. Imagino o produtor Irwin Allen dizendo ao roteirista: quero uma catástrofe atrás da outra, quero catástrofe que não acabe!
Essa miríade de situações-limite dos dois livros e mais a imaginação fértil de Stirling Silliphant (que venceu o Oscar em 1967 com o roteiro de No calor da noite) deixaram o filme um pouco inchado em termos de metragem (165 minutos), mas as resenhas foram boas em 1974: Roger Ebert, por exemplo, deu 3 estrelas em 4. E o público também respondeu bem, com as bilheterias decuplicando o custo do filme.
O elenco também traz William Holden, Faye Dunaway, Fred Astaire, Susan Blakely, Richard Chamberlain, O. J. Simpson, Robert Vaughn, Robert Wagner, entre outros menos cotados.
O filme teve 8 indicações ao Oscar, inclusive Melhor Filme. Ganhou em edição, fotografia e canção.
A seu modo, Inferno na torre é meio profético sob certos prismas, levando em conta tudo que tem acontecido no mundo do século XXI. E a homenagem aos bombeiros que é feita no começo do filme é um merecido reconhecimento a esses profissionais.
O que salva o filme de ser um mero caça-níqueis, um entretenimento descartável?
Aí que entra o talento do diretor. A sutileza do britânico John Guillermin (que também faria King Kong, 1976, e Morte no Nilo, 1978) dá ao filme uma tônica de ironia, sempre mantendo aceso o suspense, tentando pegar os clichês e imprimir seu toque pessoal. Por essas e outras que Inferno na torre subsiste como um dos imbatíveis filmes do cinema-catástrofe.
O roteiro é o grande astro do filme, para o bem e para o mal. Primeiro, pela capacidade de criar personagens com os quais o público vai criar uma certa empatia.
O arquiteto vivido por Paul Newman é um bom-caráter, um sujeito que está disposto a arriscar a própria pele para salvar outras pessoas e se indigna ao descobrir que o construtor do prédio "economizou" no material elétrico.
E, é claro, o bombeiro encarnado por Steve McQueen, ícone de coragem, sangue frio e heroísmo.
A antipatia é direcionada ao genro (Richard Chamberlain) do construtor (William Holden), os dois responsáveis pela desprezível decisão de "baratear" os custos da obra, colocando em risco a segurança.
Resultado: no dia da inauguração do prédio, em plena festa, com senador e prefeito presentes, o pandemônio está prestes a acontecer. O incêndio está se alastrando e o dono do prédio tenta minimizar e deixar a festa rolar. Situação parecida acontece em Tubarão (1975), quando os locais tentam abafar as ocorrências para não espantar os veranistas.
O filme é uma adaptação de dois livros, e imagino que isso tenha permitido ao roteirista tentar aproveitar o melhor de cada um. É uma curiosa situação em que dois estúdios resolveram unir forças para que um filme não "canibalizasse" o outro. Fox e Warner Brothers, que tinham os direitos de The Glass Inferno e The Tower, respectivamente, uniram forças para realizar este tenebroso, sombrio e catastrófico arrasa-quarteirão. Imagino o produtor Irwin Allen dizendo ao roteirista: quero uma catástrofe atrás da outra, quero catástrofe que não acabe!
Essa miríade de situações-limite dos dois livros e mais a imaginação fértil de Stirling Silliphant (que venceu o Oscar em 1967 com o roteiro de No calor da noite) deixaram o filme um pouco inchado em termos de metragem (165 minutos), mas as resenhas foram boas em 1974: Roger Ebert, por exemplo, deu 3 estrelas em 4. E o público também respondeu bem, com as bilheterias decuplicando o custo do filme.
O elenco também traz William Holden, Faye Dunaway, Fred Astaire, Susan Blakely, Richard Chamberlain, O. J. Simpson, Robert Vaughn, Robert Wagner, entre outros menos cotados.
O filme teve 8 indicações ao Oscar, inclusive Melhor Filme. Ganhou em edição, fotografia e canção.
A seu modo, Inferno na torre é meio profético sob certos prismas, levando em conta tudo que tem acontecido no mundo do século XXI. E a homenagem aos bombeiros que é feita no começo do filme é um merecido reconhecimento a esses profissionais.
O que salva o filme de ser um mero caça-níqueis, um entretenimento descartável?
Aí que entra o talento do diretor. A sutileza do britânico John Guillermin (que também faria King Kong, 1976, e Morte no Nilo, 1978) dá ao filme uma tônica de ironia, sempre mantendo aceso o suspense, tentando pegar os clichês e imprimir seu toque pessoal. Por essas e outras que Inferno na torre subsiste como um dos imbatíveis filmes do cinema-catástrofe.