O grande ator Ray Milland acumula neste clássico da ficção científica o cargo de diretor. Mas o grande astro do filme é o roteiro.
Filmado em preto e branco, em plena guerra fria, Pânico no ano zero! (1962) explora o pânico de uma guerra nuclear.
A família Baldwin madruga e pega a estrada com um trailer rumo a uma pescaria de fim de semana.Harry (Ray Milland) e Ann (Jean Hagen) estão animados, ao contrário dos filhos adolescentes Rick (Frankie Avalon) e Karen (Mary Mitchell), emburrados por ter que acordar cedo com um só objetivo: peixes.
No caminho rumo às montanhas, estranhas explosões luminosas espocam no horizonte em vários pontos e momentos.
Os clarões são intensos e a família logo desconfia que algo não está certo.
Quando o pior cenário se confirma (os EUA estão sofrendo ataques nucleares em várias cidades), a família tem um dilema: voltar ou não voltar para tentar resgatar a mãe de Ann. Relutante, Harry dá meia-volta com o carro.
Mas o pânico começa a se instalar na rodovia sinuosa, com uma caravana de carros fugindo de Los Angeles. A família estaciona numa lanchonete de beira de estrada para coletar informações e tomar café.
Então tomam a difícil decisão: a sobrevivência individual de cada membro do núcleo familiar será a prioridade nos próximos dias.
Será impossível voltar para buscar a vovó.
Agora os seres humanos começam a sentir os efeitos de uma situação desesperadora e anômala.
Medidas extremas podem ser tomadas, a selvageria contida pela civilização aflora...
Ética, civilidade e solidariedade saem de cena.
A lógica do "cada um por si, Deus por todos" está valendo agora, mais do que nunca.
A família esconde o carro e passa a morar numa caverna, evitando ao máximo o contato com outras pessoas.
Mas a perversidade se materializa na forma de uma gangue de marginais que não tem escrúpulos para matar e estuprar.
Como ator não há o que dizer de Ray Milland, que ganhou Oscar de Melhor Ator ao interpretar um alcoólatra em Farrapo humano, em 1945, dirigido por ninguém menos que Billy Wilder.
O seu trabalho na direção é discreto e eficiente, um trabalho de quem aprendeu o ofício observando os mestres.