Que Wes Anderson é, entre os diretores da novíssima geração, um dos "queridinhos da crítica", isso é sabido e notório. O quanto isso influencia o impacto de seus filmes sobre o público em geral? Quase nada. O "público em geral" não está nem aí para o opinião da crítica tampouco acompanha a trajetória desse ou aquele diretor. Uma pequena parcela de cinéfilos correlaciona cinema com autor, quando isso é possível. No caso de Anderson, indubitavelmente isso é possível. Seus filmes têm a marca da autoria: estilo, ritmo, apuro formal, roteiro com originalidades, presença de atores de peso em papéis inusitados.
Por exemplo, Edward Norton como um monitor de escoteiros meio atrapalhado, que não consegue controlar os meninos sob seu comando. Ou quem imaginaria ver Bruce Willys encarnando o chefe de polícia de uma ilha quase sem habitantes e nenhuma (até prova em contrário) ação? Harvey Keitel como o chefe maioral dos escoteiros? Bill Murray como um advogado sem perspectivas cuja mulher lhe trai com o chefe da polícia? Frances McDormand como a mulher que trai o marido com o chefe de polícia? Tilda Swinton como a impertinente representante do Serviço Social que deseja a todo pano a custódia do órfão Sam (o novato Jared Gilman), que fugiu com Suzy (a também novata Kara Hayward)?
Essas personagens se movem num cenário belo: uma ilha de New Jersey com poucas estradas e pessoas, mas muitas belezas em termos de história, relevo e vegetação. Ali que está acampando um grupo de escoteiros, até que um deles, o problemático Sam, desaparece. Paralelamente, a primogênita de uma família que habita uma das enseadas da ilha também some. Ambos têm doze anos e passam a ser procurados pelas autoridades.
A partir dessa premissa, Anderson constrói um filme estranho como todos os seus outros filmes, impregnado de uma atmosfera que mescla fábula e realidade de um modo cada vez mais característico. Gostar do cinema de Anderson não é difícil. O difícil é saber descrever o porquê.
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