Esta versão de King Kong (1976), dirigida por John Guillermin, é a que explora mais a paixão platônica de Kong pela moça e também é a que tem a conclusão mais triste.
A brutalidade e a truculência dos humanos contra Kong na sequência final nas torres gêmeas do World Trade Center geram cenas que ainda hoje emudecem o espectador.
Lança-chamas e metralhadoras chamuscam e estraçalham o gigantesco, porém indefeso símio, que tem o olhar mais terno entre todos os personagens do filme.
O enredo gira em torno da ganância de Fred Wilson (Charles Grodin) que deseja descobrir petróleo numa ilha misteriosa, sempre escondida em um nevoeiro. Ao descobrir que a ilha contém outro tipo de tesouro, ele rapidamente direciona sua ganância a Kong, venerado e temido pelos nativos.
No porão-cela de um navio de grande porte, o animal é transportado a Nova York, noutra sequência comovente.
A relação de Kong com Dwann (Jessica Lange) é explorada ao extremo, com direito a carícias e uma certa tensão sensual. A personagem de Dwann, a moça que é salva pela expedição em um bote salva-vidas à deriva, é construída para ser um tanto volúvel, mas a sua inocência e naturalidade encanta todos os primatas que com ela se deparam.
De quebra, o cinéfilo poderá ver Jeff Bridges no papel do passageiro clandestino, que acaba sendo escolhido como fotógrafo oficial da expedição.
Geração após geração, a história criada pelo diretor Merian Cooper, retrabalhada por Edgar Wallace, James Creelman e Ruth Rose, é readaptada e ganha nova roupagem, conforme as tendências hodiernas. Nesta vez, o responsável pela modernização foi Lorenzo Elliott Semple Jr., um sujeito com pendor para criar conteúdos de apelo popular, como a série Batman feita para televisão.
Sobre o diretor John Guillermin, que dirigiu Inferno na torre e Morte no Nilo, o produtor Dino de Laurentiis declarou: "É um sujeito esquisito, mas isso não significa nada para mim. Todos os diretores são figuras esquisitas. Bergman é uma figura esquisita, Fellini é uma figura esquisita... todos os diretores. Ele era muito aberto aos efeitos especiais. Além disso, ele acredita na história; ele acredita na história de amor. E se ele acredita nisso, funciona. Porque John Guillermin acredita nessa história de amor fantasticamente humana... Cada diretor em certo ponto pula de uma categoria para outra. Nenhum diretor pode ser um gênio desde o primeiro filme. Você deve dar uma oportunidade quando as pessoas são talentosas. E eu reconheço a qualidade em John. E ele acertou em cheio em KONG. Ele surpreendeu a plateia, surpreendeu todos os críticos."
Por sua vez, Guillermin afirmou: "O 'Kong' original fez parte de minha infância e eu adorei", conta ele. "Sonhava com o filme. O que eu quis foi recriar o que o eu senti na primeira vez que assisti ao filme, mas também adaptar a história a nossa época. (...) Todos nós queríamos e nos esforçamos para resgatar aquela ideia lírica da infância sobre a Bela e a Fera. Foi desafiador tentar equilibrar todas as piadas e o perigo de anticlímax, mas eu queria deixar óbvio que abordamos o material com sinceridade."
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