quarta-feira, dezembro 04, 2024

A contadora de filmes

 


A contadora de filmes (La contadora de películas/ The Movie Teller) é um filme falado em espanhol, corroteirizado por um brasileiro e dirigido por uma dinamarquesa.

Lone Scherfig, após surfar nas ondas da fama com o lançamento de Educação (2009), andava um pouco sumida do mainstream. Agora em 2024 voltou em grande estilo ao mercado internacional de filmes independentes, com esse delicado e pungente A contadora de filmes.


O projeto, a adaptação fílmica do romance de um dos escritores latino-americanos mais importantes da atualidade, o chileno Hernán Rivera Letelier, foi acalentado por muitos anos pelo diretor brasileiro Walter Salles até este o entregar nas mãos de Scherfig.

Por sinal, Letelier, o autor do livro, após assistir ao filme, o comparou a Cinema Paradiso, coisa que também me veio à mente durante a sessão de A contadora de filmes. 

Letelier conclui: “No pampa,* eu assistia a 365 filmes por ano, porque todos os dias passavam um filme diferente. E me parece incrível que hoje eu seja de alguma forma o fabricante ou o criador de um filme. Isso me parece incrível”. A entrevista com Letelier pode ser lida aqui.  

Já a diretora Lone Scherfig conta como foi realizar o filme em terras chilenas, mais especificamente no Deserto do Atacama, na revista Screen Daily, no artigo intitulado 

TIFF Spotlight: Lone Scherfig on shooting ‘The Movie Teller’ in Chile’s Atacama desert


A diretora dinamarquesa explica porque aprecia filmar em terras estrangeiras: 

 “Ir ao exterior tem a ver com filmar no sentido de compartilhar”, pondera Scherfig. “Prefiro compartilhar o meu fascínio por [um mundo diferente] do que retratar o meu próprio mundo. Em retrospectiva, o meu trabalho tem filmes todos relacionados, em termos de tonalidade, caracterização, com uma mescla de melancolia e perspicácia, e [temas comuns como] a perda da inocência e a insegurança.

“Quando leio um roteiro, sempre [sei ] se posso fazer jus ao escritor e ao roteiro ou ao romance, e se posso acrescentar algo", prossegue ela. "Consigo expressar amor pelos personagens porque os filmes não são sobre mim. Ou talvez eu me interesse ainda mais por eles por não serem uma projeção de mim mesma. Tem mais a ver com filmar como ato de generosidade. Além do mais, a Dinamarca não é uma sociedade muito dramática.”



E o que o titular deste humilde blog pensa sobre o filme?

Que a homenagem ao cinema é bonita, mas a parte sobre a família que se [spoiler] é muito [spoiler].

Assista ao filme e preencha as lacunas com um verbo e um adjetivo de sua preferência.

  

*N. de T.: O Pampa do Tamarugal é uma planície localizada na Região de Tarapacá, Chile; e está inserido no núcleo hiper árido do deserto do Atacama. O pampa recebeu este nome devido à árvore nativa Prosopis tamarugo, que nasce na região.