Este fim de semana aluguei o Blu-ray de Han Solo: uma história Star Wars. E, sim, Carazinho ainda tem três a quatro videolocadoras, até quando elas resistirão?
Eu queria terminar de ver o filme, após ter abandonado a sessão de uma sala de Passo Fundo pelo simples fato que eu só enxergava sombras. Sim, isto mesmo: um cinéfilo se obrigou a se retirar da sala por não distinguir o Chewbacca do Han Solo. Não enxergava a expressão dos personagens, não enxergava os detalhes. Reclamei e me reembolsaram o dinheiro da entrada.
Agora, no conforto do lar, fiz a constatação. O projetor da sala estava com problemas, que maximizaram um problema que existia na origem: a fotografia escura de Bradford Young, que, segundo consta, gosta de fazer experimentações com iluminação mais reduzida.
Após um pouco de pesquisa, constatei que o problema que eu enfrentei também foi detectado mundo afora, com muita gente ficando incomodada durante a projeção.
Esta reportagem trata do assunto e mata a charada: a visibilidade de "Solo" dependeu dos padrões de projeção da cada sala de cinema, e muitas delas não estavam à altura do desafio.
Outra reportagem afirma: "One of the more surprising criticisms about “Solo: A Star Wars Story” revolves around the cinematography. Over on Twitter, film folks are actively debating the issue, either blaming the projections for being overly dim and dark or actually blaming the director of photography Bradford Young for a subpar effort."
A julgar pelo aconteceu comigo, não é nada surpreendente. Young tinha boas intenções, mas de boas intenções o inferno está cheio.
Bizarramente o diretor de fotografia pisou na bola. É quase impossível curtir Solo, pois os primeiros 30 minutos do filme são escuros demais.
Sim, é a pura verdade: a "ousadia" de um diretor de fotografia colocou em risco a visibilidade do filme e contribuiu significativamente para o fracasso na bilheteria.
Não quero aqui discutir a competência e a qualidade do trabalho de Bradford Young, cuja fotografia recebeu indicação ao Oscar por "A chegada" de Dennis Villeneuve. Apenas estou dando o meu feedback de como as decisões dele me afetaram.
O mínimo que se pode dizer é que Bradford, ao ser escalado para um filme de massa, perdeu a oportunidade de fazer um trabalho discreto, que não chamasse a atenção das pessoas para a má qualidade dos projetores. Não teve a humildade de fazer o arroz com feijão. Quis ser "sofisticado".
Nesta entrevista ele mostra que entende muito de lentes e sabe escolhê-las conforme deseja realçar o ambiente ou as expressões humanas. Mas não explica em sua fala o porquê daquela escuridão toda.
A função do diretor de fotografia é iluminar. A decisão de Bradford Young de filmar com pouca luz, arriscadamente aprovada pelos produtores, resultou num verdadeiro desastre técnico nas salas de projeção, seja pela má qualidade dos equipamentos, seja pela falta de know-how para fazer regulagens.
Isso colocou à prova a qualidade dos projetores das salas, resultando em situações patéticas como a que eu descrevi.
Quanto ao filme em si, não é dos piores, sabe.
Apesar da direção burocrática de Ron Howard, Han Solo tem um bom elenco, com destaque para a atuação do experiente Woody Harrelson na pele do irreverente Tobias Beckett.
O roteiro dos Kasdan (Lawrence e Jonathan) não chega a ser um suprassumo da originalidade, mas é funcional e acrescenta fatos importantes na linha do tempo desse carismático personagem e seu inseparável amigo.