Ultimamente Brian May anda aparecendo bastante na mídia, por conta do filme de título pomposo que deu o Oscar de Melhor Ator a Rami Malek.
Poucos se lembram de que, em 1979, o guitarrista do Queen e futuro doutor em Astrofísica assinou a trilha sonora de um filme que se tornou um clássico do cinema distópico: Mad Max, o filme de estreia do até então médico George Miller, com Mel Gibson no papel do patrulheiro Max Rockatansky.
Sobre George Miller, o diretor da franquia Mad Max, já escrevi um post para distingui-lo de seu xará, também diretor de cinema. E também resenhei o quarto filme da série.
A primeira vez que assisti ao primeiro Mad Max, eu era um pirralho que não entendia patavinas de diretores ou coisa parecida. O cinema era meu templo catártico das matinês de sábado.
Como aconteceu em tantos outros filmes marcantes, algumas cenas de Mad Max ficaram para sempre em minhas retinas. Entre elas a que Max entra no hospital para visitar o amigo Goose.
Rever o filme após tanto tempo suscita sentimentos contraditórios.
Uma coisa é reconhecer as qualidades que o alçaram a um cult clássico.
Outra muito diferente é ignorar os claros furos de roteiro e de continuidade. Mas falarei sobre isso em outro post.
Este é o post do prazer em revisitar. Um post inocente, sem spoilers.
E quais são as qualidades de Mad Max?
* sequência de abertura filmada à perfeição com várias viaturas que vão se somando no encalço do facínora chamado Nightrider;
* paisagens desérticas e pós-apocalípticas ao redor de rodovias abandonadas;
* perseguições extremamente realistas e bem filmadas;
* um bando de motociclistas malfeitores que entrou para o rol dos facínoras mais asquerosos e nojentos do cinema;
* cenas angustiantes de humanos indefesos sofrendo nas mãos desses bandidos desalmados;
* um ator com o carisma necessário para se tornar um ícone internacional;
* uma trilha sonora feita por um roqueiro e que ajuda o espectador a entrar no clima; e, last but not least,
* muitas pontas soltas.
Como assim? Pontas soltas entram na lista de "qualidades"?
Pois é. Tudo depende do ponto de vista.
Pontas soltas podem ser sinônimo de ambiguidade, polissemia, margem a múltiplas interpretações.
E isso pode em última análise dar à obra uma característica multifacetada, uma inerente capacidade de suscitar leituras distintas.
Mad Max tornou-se um clássico porque a violência nele mostrada não parece estereotipada. É mais real e pulsante do que a mostrada em Laranja Mecânica, por exemplo.
Por fazer essa transposição de um futuro não muito distante (sem esquecer que no começo do filme os dizeres limitam-se a informar "A few years from now") e que tem raízes profundas em nosso presente, Mad Max permanece um expoente do cinema distópico.
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P.S. E quais são os furos e pontas soltas do roteiro? Quais são os lapsos de continuidade? Aguarde um próximo e oportuno post.
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