É legal acompanhar a carreira de um diretor novo e promissor.
Estranho é acompanhar a carreira de um diretor que já ganhou um Oscar de Melhor Diretor em seu segundo filme.
O que acontecerá no terceiro filme?
Ele vai vender a sua alma?
Tornar-se "mascarado"?
Perder a sua essência?
Os fãs de Damien Chazelle (será que existe essa categoria?) podem ficar tranquilos.
Primeiro homem é um filme sem concessões ao "sistema", digno de uma filmografia que promete ser tão variada quanto visceral.
Auxiliado pela atuação firme de Claire Foy, como Janet, a esposa de Armstrong, o "ator fetiche" de Chazelle, Ryan Gosling, tenta novamente superar sua quase insuperável canastrice na pele de um personagem de carne, osso e dúvidas: Neil Armstrong, que proferiu uma das frases mais famosas de toda a história da humanidade.
Por sinal, o roteiro, baseado no livro de Jim Hansen "The First Man", não deixa claro quem é o verdadeiro autor da frase.
Se é que a frase foi redigida por um ghost writer ou não, esse não foi um dos focos do filme.
Em vida, Armstrong sempre declarou que pensou na frase após a alunissagem, pouco antes de proferi-la. Neste artigo, parentes afirmam que o astronauta já sabia exatamente o que falar meses antes de dar aquele tão famoso "pequeno passo".
Outra particularidade sobre a citação é uma acalorada (e ainda não resolvida) discussão sobre se Armstrong falou ou deixou de falar o necessário artigo indefinido "a" antes de "man". ("A small step for a man, a giant leap for mankind").
O modo reservado com que Armstrong lidou com a perda da filha parece ser uma das chaves para entender o personagem e o homem por trás do personagem.
Nesse quesito, o filme é bem-sucedido, embora alguns estudiosos como John Logsdon tenham criticado o modo superficial e frio com que Armstrong teria sido retratado.
O fato é que Primeiro homem desconstrói e humaniza a imagem de "herói". Armstrong é mostrado como uma pessoa determinada, que nunca desiste. Que não deixa o "pessoal" influenciar no "profissional". O protótipo da pessoa "focada".
Mas, em alguns cruciais momentos de ternura, Primeiro homem mostra que é possível haver alma por trás do foco.
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