domingo, junho 30, 2019

Doze homens e uma sentença

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Estreia de Sidney Lumet como diretor de cinema (ele já dirigia peças teatrais). Doze jurados se reúnem para decidir se um rapaz de 18 anos, acusado de parricídio, é culpado ou inocente.
A decisão precisa ser unânime, e, se a sentença for "culpado", o jovem receberá pena de morte na cadeira elétrica.

O diretor Sidney Lumet conta no livro Afinal, quem faz os filmes, em entrevista a Peter Bogdanovich, que este filme foi realizado com orçamento mínimo, praticamente em um cenário só, uma produção enxuta e eficiente.
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O roteiro original, filmado em 1954, virou um teleplay de 60 minutos, sob a direção de Franklin Schaffner (que mais tarde ganharia o Oscar por Patton, e teria no currículo O planeta dos macacos, Papillon e outros).

Em 1955, Reginald Rose, o autor do roteiro de 12 Angry Men, o adaptaria para os palcos e depois para o cinema.

O filme foi lançado em 1957, com grande elenco encabeçado por Henry Fonda.
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(A propósito, hoje eu veria a peça teatral em Porto Alegre, mas o espetáculo foi cancelado. Quem não tem cão, caça com lobo!)

O filme é um triunfo do minimalismo.

As atuações de Henry Fonda (coprodutor do filme) como o jurado 8 e Lee J. Cobb como o jurado 3 são as mais destacadas, mas é o tipo do filme que cada ator tem o seu momento para brilhar ou dar a sua relevante contribuição.
Para quem entende de atores antigos e quiser se arriscar, existe um quiz sobre o elenco do filme.

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Sidney Lumet começou com o pé direito uma carreira significativa no cinema, que resultou em filmes clássicos como Serpico, Um dia de cão, Rede de intrigas, etc.

Em tempo: em 1997, ninguém menos que William Friedkin realizou um remake com Jack Lemmon no papel do jurado 8.

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O texto de Reginald Rose serve de libelo contra a acusação sem provas concretas. O princípio de não condenar caso exista uma dúvida razoável.

Ou, em outras palavras, de só condenar em caso de provas "beyond a reasonable doubt". 

Outros termos afins seriam o princípio da presunção da inocência ou presunção da não culpabilidade.

In dubio pro reo.

O assunto é palpitante e existem muitos estudos recentes sobre a aplicabilidade e a evolução desses princípios no direito internacional e brasileiro.

segunda-feira, junho 17, 2019

MIB Internacional




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O diretor F. Gary Gray não é nenhum novato. Tem uma sólida carreira construída em vários gêneros, mas acabou se especializando mesmo em policiais, como Até as últimas consequências (1996), A negociação (1998), Saída de mestre (2003), O vingador (2003) e Código de conduta (2009). Atualmente é um dos diretores negros mais respeitados da indústria, e, com MIB: Homens de preto Internacional, consolida uma trajetória que culmina com um blockbuster 3-D.

E o que um diretor competente faz quando a missão é reavivar uma franquia que fez a cabeça de uma geração, mas estava um tanto esquecida e praticamente desconhecida das pessoas mais jovens?

Sony Pictures/Divulgação
Faz o simples. Pega o roteiro bem amarrado e explora ao máximo as possibilidades de humor e ação, sem esquecer, é claro, das críticas sociais embutidas no subtexto, que enriquecem o material.

O roteiro brinca com outros papéis de sucesso da carreira dos atores Liam Neeson e Chris Hemsworth, mas dá uma grande ênfase à importante participação feminina na instituição. Emma Thompson, retomando o seu papel em MIB III, e a nova recruta Tessa Thompson são as estrelas responsáveis por essa guinada. Tessa é conhecida por suas participações em seriados como Westworld.


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Um deleite para os fãs e uma isca para uma nova geração, que agora vai querer assistir aos três filmes anteriores da franquia.

sábado, junho 15, 2019

Entre vinho e vinagre



Entre vinho e vinagre (Wine Country) é o primeiro filme dirigido pela premiada comediante Amy Poehler, mais conhecida por suas participações no Saturday Night Live. 

No filme Amy também atua no papel de Abby, a idealizadora de uma viagem com as amigas para comemorar o aniversário de Rebecca. As amigas formaram um vínculo quando trabalharam juntas numa pizzaria, anos atrás. 

Agora resolveram aproveitar a ocasião para se desligar das atribulações da rotina e passar uns dias no encantador vale dos vinhedos californiano. No Brasil, seria o equivalente a passar uns dias fazendo degustações nas vinícolas da Serra Gaúcha. 

O forte do filme é o elenco que esbanja experiência e tarimba na arte de fazer humor. De quebra, Jason Schwartzman, colaborador frequente de Wes Anderson, encarna Devon, uma espécie de faz-tudo que "vem junto" (e o trocadilho com o verbo "to come" é aproveitado no roteiro) com o imóvel que as damas alugaram. Ele é motorista da van, cozinheiro (que nunca termina a paella) e, nas horas vagas, exerce outras atividades mais lúdicas com algumas das fogosas/enrustidas cinquentonas/quarentonas.

Claro que as situações engraçadas são mescladas com momentos de introspecção e de "lavagem de roupa suja" entre as amigas, afinal, nem tudo são flores numa amizade.

Mas, no frigir dos ovos, Entre vinho e vinagre está mais para o vinho do que para o vinagre, ou seja, prova que uma boa amizade pode ser tão especial quanto um vinho de primeira qualidade.





sexta-feira, junho 14, 2019

Terra à deriva

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Esqueça dos filmes chineses existenciais, os pacatos dramas de volta para a casa, os singelos romances ingênuos, os arrastados libelos contra a globalização. 

O novo cinema chinês tipo exportação é a antítese disso tudo. 

Terra à deriva é um blockbuster made in China e falado em mandarim. 

Temos ainda é claro aquelas indefectíveis cenas de um sentimentalismo que beira a pieguice, típicas do cinema chinês (ou seria do povo chinês?).

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Efeitos especiais de uma qualidade superior, um roteiro de uma ousadia que beira a inverossimilhança (baseado no conto The Wandering Earth de Cixin Liu) e um sucesso de público que beira o estrondoso (o filme arrecadou 700 milhões de dólares nas bilheterias para um custo de 50 milhões).

O diretor Frant Gwo realizou em 2014 My Old Classmate, drama sobre dois colegas de aula de longa data que crescem e amadurecem juntos.

Este filme de 2019 inaugura uma nova fase em sua carreira e no cinema de ficção científica na China.

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Este novo filme dessa tão amada plataforma de streaming cuja variedade de produtos beira o insuportável.

Terra à deriva não é apenas um filme eficiente, é a prova cabal da competência chinesa para tudo.

E, é claro, um triunfo da globalização. 

Earth, first.




 



sexta-feira, junho 07, 2019

Vício frenético (2009)

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Quem fala que o Nicolas Cage é um canastrão não entende nada de cinema.
Não viu Feitiço da lua, Coração selvagem e Vício frenético.
Frenética é a rotina do tenente Terence.
Solucionar um homicídio quíntuplo de uma família de senegaleses.
Atender às chamadas de emergência da namorada Frankie (Eva Mendes).
Cuidar do cachorro do pai alcoólatra.
Apaziguar os pitis da madrasta chegada numa ceva.
Controlar as excruciantes dores na coluna, resultantes de um ato de bravura.
Proteger a testemunha ocular do crime.

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E frenética também é a sua drogadição.
Viciado em heroína e Vicodin, Terence também é um apostador incorrigível, que gasta o que tem e o que não tem em apostas esportivas, no caso, futebol americano.

O outro vício de Terry é a sua tendência a não respeitar as leis que deveria defender.
Terry é um tira eficaz, mas é um tira corrupto, regido pela máxima maquiavélica de que "os fins justificam os meios".

Algumas cenas antológicas:
==> Terry interrogando (pela segunda vez) as senhoras na casa geriátrica.
==> Terry contando a Frankie sobre a colher de prata.
==> Terry tentando convencer outro tira na cena de um acidente a cometer um ato corrupto;
==> Terry no aquário ao lado de uma pessoa importante.

Em tempo: Vício frenético também é o título brasileiro do filme Bad Lieutenant, de Abel Ferrara com Harvey Keitel feito em 1994.

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Werner Herzog não queria que o filme dele se chamasse Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans. Na verdade é uma referência ao fato de que ambos os filmes têm um tenente corrupto. Mas não é um remake nem uma continuação. Apenas uma transcriação da história.

O resultado é um dos três melhores filmes da carreira de Nicolas Cage.

Este filme da "fase americana" de Werner Herzog é considerado um dos 10 filmes essenciais de sua vasta e mágica filmografia pelo site The Culture Trip. Não consta, porém, na lista da Rolling Stone.