Na noite de 1º de julho de 2019, no Salão de Atos da UFRGS, em Porto Alegre, tendo como anfitrião o jornalista Daniel Scola, palestrou no Fronteiras do Pensamento o filósofo britânico Roger Scruton.
Em estilo polido e discreto, com uma impecável gravata azul com detalhes brancos, transmitiu o seu intricado texto sobre o sentido da vida, que este ano é o tema do ciclo de palestras. Poucas vezes o filósofo erguia os olhos para a plateia, concentrando-se na leitura do texto para uma plateia faminta por significados.
A primeira parte, ou "a deixa", foi contar a história da mãe dele, de seu jeito tímido e retraído, que acabou se casando com uma pessoa amargurada e raivosa (angry).
Scruton conta que deixou a casa dos pais aos 16 anos, entre outros motivos, por incompatibilidade de gênio com o pai dele.
Mais tarde ele e as irmãs se uniram quando a mãe ficou doente com câncer de mama.
Scruton conta esse momento tocante da vida dele com uma fleugma britânica, mas imagino que não deve ter sido fácil para ele narrar um fato tão pessoal.
Ele partiu dessa situação limite para entrar no tema da palestra, o sentido da vida.
No leito de morte, a mãe dele teria declarado aos filhos perplexos, que a vida dela não fizera sentido.
E aquilo acabou se tornando um fator motivador para Roger tentar modificar a vida dele, para tentar se expressar, coisa que a sua mãe passou a vida evitando fazer.
E a redenção, de onde vem?
The redemption comes from the other.
A importância do outro, da relação eu x você (I x You relation), do conflito e da conciliação, foi um dos elementos citados por Scruton na busca do sentido da vida.
Essa dialética das relações interpessoais exige uma "obrigação para responder", uma "accountability" (responsabilização) que no comunismo é proibida.
Sim, Scruton não se esquivou de criticar o comunismo e o seu "mundo despersonalizado", em que as pessoas aprendem que os outros não merecem confiança.
Em seguida, Sir Roger Scruton citou trechos de seu romance "Memórias de Underground" para, na voz de seus personagens, exemplificar alguns de seus pontos de vista.
O filósofo também frisou que o comunismo proíbe atos de caridade, e lembrou que a relação com o outro demanda atos de sacrifício.
Não se esqueceu, é claro, de comentar en passant sobre um de seus temas prediletos: a busca pela beleza, um dos fatores essenciais para darmos significado a nossas vidas.
"The meaning of our lives is the meaning that the others bestow".
Na hora das perguntas, o sóbrio orador se transfigurou num sagaz respondedor e arrancou aplausos da plateia quando descreveu algo que acontece muito nas redes sociais, a incapacidade que certas pessoas têm de debater com alguém que defende ideias contrárias.
A melhor maneira de aprimorarmos os nossos pontos de vista, afirma ele, é justamente debatermos com quem tem ideias contrárias.
Um resumo da palestra e das perguntas da noite pode ser encontrado aqui.
Em estilo polido e discreto, com uma impecável gravata azul com detalhes brancos, transmitiu o seu intricado texto sobre o sentido da vida, que este ano é o tema do ciclo de palestras. Poucas vezes o filósofo erguia os olhos para a plateia, concentrando-se na leitura do texto para uma plateia faminta por significados.
A primeira parte, ou "a deixa", foi contar a história da mãe dele, de seu jeito tímido e retraído, que acabou se casando com uma pessoa amargurada e raivosa (angry).
Scruton conta que deixou a casa dos pais aos 16 anos, entre outros motivos, por incompatibilidade de gênio com o pai dele.
Mais tarde ele e as irmãs se uniram quando a mãe ficou doente com câncer de mama.
Scruton conta esse momento tocante da vida dele com uma fleugma britânica, mas imagino que não deve ter sido fácil para ele narrar um fato tão pessoal.
Ele partiu dessa situação limite para entrar no tema da palestra, o sentido da vida.
No leito de morte, a mãe dele teria declarado aos filhos perplexos, que a vida dela não fizera sentido.
E aquilo acabou se tornando um fator motivador para Roger tentar modificar a vida dele, para tentar se expressar, coisa que a sua mãe passou a vida evitando fazer.
E a redenção, de onde vem?
The redemption comes from the other.
A importância do outro, da relação eu x você (I x You relation), do conflito e da conciliação, foi um dos elementos citados por Scruton na busca do sentido da vida.
Essa dialética das relações interpessoais exige uma "obrigação para responder", uma "accountability" (responsabilização) que no comunismo é proibida.
Sim, Scruton não se esquivou de criticar o comunismo e o seu "mundo despersonalizado", em que as pessoas aprendem que os outros não merecem confiança.
Em seguida, Sir Roger Scruton citou trechos de seu romance "Memórias de Underground" para, na voz de seus personagens, exemplificar alguns de seus pontos de vista.
O filósofo também frisou que o comunismo proíbe atos de caridade, e lembrou que a relação com o outro demanda atos de sacrifício.
Não se esqueceu, é claro, de comentar en passant sobre um de seus temas prediletos: a busca pela beleza, um dos fatores essenciais para darmos significado a nossas vidas.
"The meaning of our lives is the meaning that the others bestow".
Na hora das perguntas, o sóbrio orador se transfigurou num sagaz respondedor e arrancou aplausos da plateia quando descreveu algo que acontece muito nas redes sociais, a incapacidade que certas pessoas têm de debater com alguém que defende ideias contrárias.
A melhor maneira de aprimorarmos os nossos pontos de vista, afirma ele, é justamente debatermos com quem tem ideias contrárias.
Um resumo da palestra e das perguntas da noite pode ser encontrado aqui.
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