Este é o 2º post da série PETER WEIR EM DOSE DUPLA, da qual o primeiro post foi sobre The Cars that Ate Paris.
Para quem já assistiu a A última onda, será fácil notar os pontos de intersecção com O encanador. O que no primeiro é um dos temas principais (estudos sobre a cultura aborígene) no segundo é o metiê da protagonista, uma doutoranda que se vê refém de um encanador nem um pouco convencional.
O filme é de uma originalidade impactante por sua mescla de "quase" gêneros: romance de costumes, comédia, terror, etc.
Por que "quase"? É que o roteiro inteligentemente flerta com uma multiplicidade de gêneros mas, de modo proposital, não se concretiza em nenhum deles, numa espécie de metáfora sobre o sofrimento da própria protagonista na história.
O espectador é colocado numa situação similar à da protagonista.
Peter Weir é o encanador que não sai de nosso apartamento, fazendo estripulias em nosso cérebro; tal é o poder deste filme em causar exasperação e despertar reações.
A facilidade com que o encanador quebra uma parede é algo ultrajante para quem tem ojeriza a reformas, canos furados e contratempos afins. Seja como for, Jill (Judy Morris), habita um apartamento universitário, e aparentemente é obrigada a deixar o sedutor e sádico encanador Max (Ivar Kants) entrar no recinto e prestar os seus duvidosos serviços.
Eis que o drama de Jill vai se desenrolando e ela se sente abandonada pelo marido que quase nunca está ali para protegê-la ou ajudá-la naquela situação esdrúxula.
O único desafogo de Jill é a amiga Meg (Candy Raymond) que permite à perturbada cientista tentar manter a sanidade mental.
Resultado? Um banheiro semi-interditado, com precárias situações de uso, por longas e intermináveis semanas.
Como se isso não bastasse, o alienado marido Brian (Robert Coleby) pateticamente convida acadêmicos de alta estirpe para jantar no apartamento.
Weir faz um jogo de críticas sociais, pois existe uma tensão sexual entre Jill e o encanador, e também o choque de classes, a burguesia acadêmica x proletariado (teoricamente) inculto.
O desenlace é surpreendente e vale a pena o garimpo.
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