Sob todos os prismas, Rocketman é um musical trepidante. Uma conjunção de decisões felizes resulta num filme consistente do começo ao fim.
A aparente quebra na linha temporal de algumas das canções surpreende e desafia o espectador a buscar na trajetória de Elton John aquela melodia, aquele ritmo, aqueles versos.
Uma coisa que eu observei foi que, na cena em que Elton John em 1969 mostra ao empresário suas músicas, ele começa a tocar "I Guess That's Why They Call It the Blues", que é uma canção do álbum Too Low for Zero, lançado apenas na década de 1980. Esse tipo de brincadeira permeia a estrutura do filme, fazendo-o embarcar numa lúdica aventura no repertório fantástico de uma das parcerias mais brilhantes do rock, ou seja, Bernie Taupin e Elton John.
Claro que alguns detalhes passam despercebidos para quem, como eu, não tem a coleção completa de seus discos. Tenho o mencionado álbum Too Low for Zero, de 1983, que trazia I'm Still Standing, e um outro de melhores sucessos, que emprestei para um certo alguém e estou esperando até hoje que me devolva.
Também fui ao show de Elton John no Estádio do Zequinha, em Porto Alegre, em 2013. São as credenciais que eu tenho para mostrar que acompanho a carreira dele, mas não sou exatamente o que poderia ser chamado de "fã de carteirinha".
Eis que o filme é um triunfo para todos os tipos de espectadores. Qualquer pessoa com o mínimo interesse por música se deleitará com a originalidade e o modo como as canções são inseridas para contar a história e a vida de um artista que desde criança queria ser amado.
Quanto à parte biográfica, está tudo ali. A relação difícil com o pai, a parceria mágica com Bernie Taupin, o sucesso avassalador, questões de fôro íntimo, o uso de drogas, a recuperação...
Rocketman é um emocionante filme sobre redenção, e cabe aqui citar o nome das pessoas envolvidas, a quem devemos nossos agradecimentos e reverências:
Taron Egerton (ator que encarna Elton John adulto), Jamie Bell (Bernie Taupin), Kit Connor (Elton John pré-adolescente), Dexter Fletcher (diretor do filme) e Lee Hall (roteirista).
Lee Hall, por sinal, também escreveu o roteiro de Billy Elliot, o filme estrelado por Jamie Bell, e nesta entrevista o roteirista conta que Rocketman pode ser considerado uma espécie de continuação, pois há paralelos entre o personagem fictício de Billy e a vida de Elton John.
E, pensando bem, o tipo de epifania que Billy Elliot provoca nos espectadores é evocado também em Rocketman.
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