terça-feira, julho 16, 2019

PETER WEIR EM DOSE DUPLA: THE CARS THAT ATE PARIS


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Certa vez adquiri um dvd de outra área que só consigo reproduzir no dvd player de meu velho notebook HP. Um dia desses, fiz funcionar o velho notebook e aproveitei para rever o dito cujo.
O tal dvd cantado em prosa e verso contém nada menos que duas raridades, dois filmes de Peter Weir, o meu cineasta predileto, de sua fase australiana.

São eles: 

1) The Cars that Ate Paris (1974, a.k.a The Cars that Eat People e, no Brasil, lançado com o título ridículo de Violência por acidente), o
primeiríssimo longa-metragem de Peter Weir; e

2) The Plumber (O encanador), curioso  (e exasperante) filme realizado para tevê em 1979,  filme que veio como "bônus" nos extras do dvd e que será comentado em um post separado.

The Cars that Ate Paris começa com uma bizarra introdução que lembra um comercial. O objetivo é situar o espectador na situação premissa do filme, ou seja, carros que acabam se embrenhando na estrada errada e sofrem "acidentes" que matam ou deixam condutores e passageiros expostos a sofrerem uma indesejada e desnecessária lobotomia. (A propósito, a cena da furadeira é talvez a mais aterrorizante do filme.)



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A rápida introdução dá lugar à apresentação do protagonista, Arthur Waldo (Terry), que vaga pelas estradas australianas em busca de emprego. Uma cena emblemática mostra ele na fila de desempregados, mas as entrevistas encerram antes de chegar a vez dele. O irmão dele ao volante, os dois seguem no veículo. Está anoitecendo. Uma placa na rodovia indica Paris, um vilarejo próximo, uma promessa de pouso e comida. Inadvertidamente, os dois enveredam pela estradinha vicinal.

A partir daí, o espectador se depara com um festival de horrores, uma comédia de humor negro do melhor calibre.

A cidade é Paris, e o prefeito Len Kelly a governa com braço de ferro. Todas as pessoas sabem as suas tarefas e as desempenham de modo assustadoramente mecânico. A única dissidência é ensaiada por um grupo de jovens rebeldes e seus carros envenenados.

Mas Paris não é uma cidadezinha turística como aparentemente promete ser.

A prioridade aqui não é atrair e receber os hóspedes ocasionais com boas-vindas, boa comida e uma boa noite de sono.

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Paris se especializou em outro ramo da atividade humana: o crime.

Numa curva da estrada, sinistros acidentes sempre acontecem. E com o carro dos irmãos não é diferente.

A diferença é que Arthur vai sobreviver e, aos poucos, conhecer os segredos horríveis que a comunidade esconde.

A certa altura, ele vai poder escolher entre a proteção da família do prefeito e a tentativa de se libertar da claustrofóbica aldeia.

Algumas sequências são aterradoras em sua crítica social velada, como a hipocrisia no baile promovido entre todos os  habitantes, inclusive os catatônicos pacientes do hospital.

Weir conta nos extras que o filme foi um fracasso comercial, pois os produtores não entenderam o produto e não souberam como vendê-lo, alterando o título e piorando o que já não era lá muito vendável.

Apesar disso, com a consolidação artística da carreira de Weir, o filme ganhou em importância, foi relançado em dvd e blu-ray e hoje possui admiradores e cultuadores mundo afora. 
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No Brasil, o título do dvd foi bastante infeliz. 

Algumas opções:

Desmanche sinistro

ou 

Curva fatal

ou até mesmo

A cidade que engolia carros.

Mas os interessados em procurar essa raridade nas locadoras, terão que procurar o arbitrário título Violência por acidente.

Ou seja, o problema que Weir enfrentou lá no começo, na hesitação dos distribuidores, na falta de definição do "gênero" do filme, também foi enfrentado pelos distribuidores brasileiros, que acabaram errando a mão na hora de escolher um título capaz de atrair um público.


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Aguardem o post com o comentário sobre The Plumber (1979).

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