terça-feira, outubro 15, 2019

Coringa

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Joaquin Phoenix já ameaçou várias vezes abandonar a carreira. Fez bem em não cumprir as ameaças. Se, porém, deixar de atuar após encarnar o Coringa, tudo bem. Dificilmente alcançará o mesmo nível de atuação em outro papel.

O atual companheiro de Rooney Mara lança mão de todos os seus trunfos para representar o papel. E as "deficiências" ou "deformações" de seu corpo, desta vez, só ajudam na caracterização do personagem. 

O eterno mano mais novo de River na pele do Coringa acaba de terminar a mais surpreendente transformação: o patinho feio metamorfoseou-se em cisne. A atuação dele será motivo de estudo por anos a fio.

Mas nem só de boas atuações vive um filme. 



O roteiro tem citações interessantes. Por exemplo, é inegável o intertexto com Réquiem para um sonho. Além de uma conturbada relação mãe e filho, o filme de Darren Aronofsky (atualmente em cartaz no Netflix) apresenta a obsessão da mãe de Harry (Jared Leto, que, por sinal, já viveu o Coringa no filme Esquadrão Suicida) em ir a um programa de tevê.

A mesma obsessão é alimentada por Arthur, o patético humorista que tenta ser engraçado, mas não consegue. 

Discorrer sobre detalhes do roteiro é incorrer no mais infame dos pecados resenhísticos: a súbita e infame inserção de spoilers infames.

Por essas e outras que ultimamente me reservo o direito de não fazer "sinopses" aqui.

Mas não será um spoiler infame mencionar que a rotina de Arthur é um tanto conturbada, e que ele tenta sobreviver e sustentar a casa ganhando uns trocos como pode.

Gotham City está à beira da convulsão social, uma mistura de Equador com Hong Kong, e o submundo parece estar à espera de um líder, de um símbolo, de alguém que se oponha aos líderes "fascistas" da cidade.

Todd Phillips, o diretor, é um especialista em comédias tipo besteirol. A sua carreira pode ser uma metáfora da trajetória do Coringa: cansado de inutilmente tentar fazer os outros rirem, chuta o balde e mira a violência extrema.

Algumas redes de cinema negaram-se a exibir Coringa com medo de que gerasse violência real. 

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A coisa mais assustadora durante a sessão em Passo Fundo foi a reação da plateia a uma cena que põe em xeque as características físicas de um personagem.

Sem dúvida, como você reage àquela cena diz muito sobre quem você é.

Eu reagi com pasmo, terror e surpresa. 

Mas não me senti à vontade para achar graça.

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No frigir dos ovos, é o que eu sempre digo: ao final e ao cabo do filme, há coisas a serem debatidas?

Em se tratando do Universo DC Comics, há muita coisa, muitos detalhes, muitas dúvidas.

Em se tratando de metáforas ao mundo real e as relações humanas, também.

O hiperviolento Coringa suscita reações e provoca debates.


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