Dirigido pelo especialista em faroestes e filmes de ação John Sturges (que está no meu TOP 10 de diretores que já não estão mais entre nós), o filme O velho e o mar, lançado em 1958, transporta com sobriedade ao cinema o clássico literário de Ernest Hemingway.
A grande qualidade de Sturges sempre foi ser um cara "matter-of-fact", ou, em outras palavras, um dos caras mais "no-nonsense" com quem você pode se deparar na indústria do cinema.
Seu envolvimento nesse filme é algo que à primeira vista pode parecer um tanto estranho, como se ele fosse um "peixe fora d'água", se me perdoem o trocadilho. Na verdade Fred Zinneman desistiu de dirigir o filme e Sturges foi chamado para substituí-lo. Mas, pensando bem, Hemingway também tem um estilo meio "pão, pão, queijo, queijo" e gostou do resultado ao ver o filme.
Para isso, contou com um grande ator no papel principal, com quem já havia trabalhado no filme Conspiração do silêncio (1955).
Spencer Tracy faz o que pode para tornar verossímil o seu personagem, e consegue isso com mais propriedade nos diálogos com o menino Manolin, que foi seu aprendiz, mas agora está pescando em outro esquife, pois Santiago (o nome do "velho) anda sem sorte na pesca.
Completando 84 dias sem pescar um peixe decente, lá vai Santiago em uma nova tentativa, levando apenas uma garrafa d'água e nenhum almoço.
No alto-mar fisga um marlim-azul, o maior que ele jamais imaginou um dia fisgar.
O peixe inicia uma luta ferrenha pela vida e arrasta o esquife de Santiago cada vez mais para longe da costa.
A luta dura 3 dias. As mãos de Santiago estão em carne viva. Dominado pelo cansaço e pelas cãibras, o velho percebe que a visão está turva.
O fim desta história não é um segredo para ninguém, mas não vou contar aqui.
Vale a pena ver o filme e ler o livrinho, que em número de páginas está mais para uma "noveleta" do que para um "romance".
A luta de Santiago para provar que não é uma pessoa sem sorte é um conto que tem tudo o que de melhor pode ter a melhor literatura: ironia, dor, humildade, respeito, arrependimento.
A trilha sonora valeu mais um Oscar a Dimitri Tiomkin, que já vencera pela música do clássico Matar ou morrer (1953). Os acordes de Tiomkin contribuem para que O velho e o mar mereça ser assistido, apesar de ser, nas palavras de John Sturges, "tecnicamente o filme mais desleixado que eu já fiz".
Esta página comenta também outras adaptações do livro para as telas, como a versão de 1990 com Anthony Quinn e a elogiada animação russa de 1999.
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