AUTOAJUDA
Em 10 de agosto de 2008, o diretor de cinema David Lynch esteve em Porto Alegre para a divulgação de seu livro de autoajuda Catching the Big Fish (que no Brasil recebeu o título Em águas profundas). Quem foi ao auditório da Reitoria da UFRGS esperando palavras sobre cinema saiu decepcionado: noventa por cento do tempo Mr. Lynch teceu elucubrações sobre a importância da meditação e de que como o bem-estar pode ser canalizado para boas coisas, inclusive para fazer obras de arte.
OUR NATURE IS BLISS
Se fosse para resumir o colóquio de Mr. Lynch em uma simples frase, seria “Our nature is bliss!”. O bordão foi repetido várias vezes pelo convicto cineasta, afirmando sua crença em que o ser humano nasceu para ser feliz. A natureza humana, frisou Mr. Lynch, é encantamento e felicidade. Felizes, produzimos mais em todos os sentidos. Sentindo-nos miseráveis e depressivos não conseguimos alcançar nossos objetivos.
PERGUNTAS
A palestra de David Lynch foi dada em formato “perguntas e respostas”. Um “host” um tanto deslumbrado e fazendo piadas no mínimo desnecessárias (como aquela sobre Quem matou Laura Palmer) seguiu um protocolo de perguntas-padrão. Teoricamente, o público poderia enviar perguntas, mas o critério de seleção das perguntas do público foi também no mínimo equivocado. Tanto que a última e constrangedora pergunta (novamente a insistência, “O sr. pode nos dizer quem matou Laura Palmer?”) recebeu a única e límpida resposta: “Essa pergunta é absurda”.
DONOVAN
Para ajudar David Lynch em sua peregrinação e pregação pró-meditação, acompanha-o mundo afora o bem-sucedido músico dos anos 60, Donovan, que naquela década emplacou vários hits. Assim, a plateia pôde curtir quatro de suas canções, interpretadas ao melhor estilo ‘voz e violão’.
AUTÓGRAFOS
Os tietes de Mr. Lynch após o evento enfileiraram-se no pátio da Reitoria para conseguir um autógrafo do carismático cineasta e artista multimídia, que no momento não trabalha em nenhum projeto na área de cinema. Um dos fãs porto-alegrenses pediu um autógrafo no braço e depois mandou tatuar. Minha irmã contentou-se com a assinatura no livro e um simpático recado verbal: “Take care”.
Foto: Ana Guerra
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