Em semana de show do R.E.M., resgato um texto do baú de relíquias.
R.E.M.
Rapid Eye Movement. Enquanto você sonha, dormindo, eletrodos levemente afixados às suas pálpebras podem detectá-lo. Movimento ocular rápido, rápido; trajetória de cometas, beija-flores, granizo...
Relâmpago, êxtase, mágica! Eletrizante e onírica, pulsante e otimista, trilha para dias de céu azul intenso e noites flechadas por estrelas cadentes; assim é a música do R.E.M., banda de rock. Mills, Berry, Stipe e Buck, respectivamente baixo, batera, voz e guitarra.
Reinaram nas garagens de Athens, Georgia, no circuito independente e nas rádios alternativas; hoje estão no cast da Warner e tocam para platéias de 20.000 pessoas. Entrelaçam acordes country ao urbano desespero; a acústica suave, o ar, a poesia, ao mais pesado dos metais. “MURMUR”, o primeiro LP, de 83, soou como um grito de lucidez no universo pop, tão forte e compacto como a canção símbolo desta estréia, Radio Free Europe.
“RECKONING”, o segundo trabalho, veio no ano seguinte e marcou a sedimentação do estilo único do grupo e, embora os mais entendidos o tenham taxado como de “menor inspiração”, tem sete irmãos chineses e muita transpiração. “Este é o meu erro, deixe-me fazê-lo bem feito”, letra do LP “GREEN”, seria perfeita para abrir “FABLES OF THE RECONSTRUCTION”, o terceiro e o “menos bom” da carreira, por sinal, o primeiro a ser lançado em nossas plagas, na amarela moldura da New Rock Collection. Meses depois, “LIFE’S RICH PAGEANT”, o quarto, de 86, segundo os entendidos não alcançou “resultado satisfatório”; levou os fãs, porém, ao orgasmo.
Rispidamente começa, com a canção de trabalho mais refinada, a hora mais primorosa: “DOCUMENT”, o quinto, documenta a ascensão do R.E.M. para além das nuvens, uma tour alucinante na alta estratosfera, na carona da supersonicamente acelerada “It’s the end of the world (as we know it)”. E sobra tempo para brincar: “DEAD LETTER OFFICE”, que Thomas Pappon bem conceituou como o disco que todas as bandas gostariam de fazer: sobras de LPs, covers, lados B de singles. Mata nativa em dia de sol, com suas diferentes tonalidades de verde – imagem comparável a “GREEN”, laranja de capa e, na realidade, maduro, foi o disco mais bonito, mais vivo, mais transmissor de esperança lançado no Brasil no ano passado.
Publicado originalmente no zine Wall of Sound (editora Jussara Neves), em janeiro de 1990.
Rapid Eye Movement. Enquanto você sonha, dormindo, eletrodos levemente afixados às suas pálpebras podem detectá-lo. Movimento ocular rápido, rápido; trajetória de cometas, beija-flores, granizo...
Relâmpago, êxtase, mágica! Eletrizante e onírica, pulsante e otimista, trilha para dias de céu azul intenso e noites flechadas por estrelas cadentes; assim é a música do R.E.M., banda de rock. Mills, Berry, Stipe e Buck, respectivamente baixo, batera, voz e guitarra.
Reinaram nas garagens de Athens, Georgia, no circuito independente e nas rádios alternativas; hoje estão no cast da Warner e tocam para platéias de 20.000 pessoas. Entrelaçam acordes country ao urbano desespero; a acústica suave, o ar, a poesia, ao mais pesado dos metais. “MURMUR”, o primeiro LP, de 83, soou como um grito de lucidez no universo pop, tão forte e compacto como a canção símbolo desta estréia, Radio Free Europe.
“RECKONING”, o segundo trabalho, veio no ano seguinte e marcou a sedimentação do estilo único do grupo e, embora os mais entendidos o tenham taxado como de “menor inspiração”, tem sete irmãos chineses e muita transpiração. “Este é o meu erro, deixe-me fazê-lo bem feito”, letra do LP “GREEN”, seria perfeita para abrir “FABLES OF THE RECONSTRUCTION”, o terceiro e o “menos bom” da carreira, por sinal, o primeiro a ser lançado em nossas plagas, na amarela moldura da New Rock Collection. Meses depois, “LIFE’S RICH PAGEANT”, o quarto, de 86, segundo os entendidos não alcançou “resultado satisfatório”; levou os fãs, porém, ao orgasmo.
Rispidamente começa, com a canção de trabalho mais refinada, a hora mais primorosa: “DOCUMENT”, o quinto, documenta a ascensão do R.E.M. para além das nuvens, uma tour alucinante na alta estratosfera, na carona da supersonicamente acelerada “It’s the end of the world (as we know it)”. E sobra tempo para brincar: “DEAD LETTER OFFICE”, que Thomas Pappon bem conceituou como o disco que todas as bandas gostariam de fazer: sobras de LPs, covers, lados B de singles. Mata nativa em dia de sol, com suas diferentes tonalidades de verde – imagem comparável a “GREEN”, laranja de capa e, na realidade, maduro, foi o disco mais bonito, mais vivo, mais transmissor de esperança lançado no Brasil no ano passado.
Publicado originalmente no zine Wall of Sound (editora Jussara Neves), em janeiro de 1990.
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