
O texto do controvertido dramaturgo, tido como ponto referencial no teatro moderno brasileiro, ganha em 2009 montagem dirigida por Gabriel Villela. A trupe tem viajado Brasil afora, levando a plagas distantes como a nossa província um espetáculo desafiador e, para usar um adjetivo proibido pelo Manual de Estilo do Estadão, "instigante". A explicação do manual é que instigante é um adjetivo clichê. Mas venhamos e convenhamos, sempre que um livro ou filme ou peça não empolga muito mas provoca os sentidos e o intelecto, lá vem o adjetivo à mente. Instigante.
O fato é que ao cabo da peça houve gritos de "Bravo!" e o público aplaudiu de pé. Se bem que eu nunca sei se o público porto-alegrense aplaude de pé por gratidão ou por merecimento.
Analisar o elenco seria pretensão, mas é preciso destacar a presença hipnótica de Luciana Carnieli, que encarna a sensual Madame Clessi, e a interpretação divertida de Marcello Antony, que lembra com seu Pedro um Hamlet pândego. Completam o elenco Vera Zimmermann e Leandra Leal, as irmãs Lúcia e Alaíde, respectivamente. No elenco de apoio, provoca risos na plateia o desconhecido ator que vive a sogra de Alaíde. A peça inicia com o atropelamento de Alaíde e conta de modo nada linear a história da tragicômica competição entre as irmãs pelo amor (sexo?) de Pedro.