
A carreira de Roman Polanski tem como pontos altos filmes como
Repulsa ao sexo (1965),
Cul-de-sac (1966),
O bebê de Rosemary (1968),
Chinatown (1974),
O inquilino (1976),
Tess (1979),
Busca frenética (1988) e
O pianista (2002). Com um currículo desses, dificilmente alguém diria que
O escritor fantasma situa-se entre os melhores filmes desse parisiense nascido em 1933. Difícil de classificar o gênero. Thriller? Hum... Meio forçado: só tem uma cena de ação. Suspense? Bem, a certa altura existe um clima de whodunnit, em torno da morte do
ghost writer do primeiro-ministro Adam Lang interpretado por Pierce Brosnan. Mas não é um suspense de "pedigree"... Digo, não é um suspense tradicional. Se existisse um subgênero "teoria da conspiração", talvez
O escritor fantasma se enquadrasse. De qualquer modo, esse hibridismo de não se enquadrar num gênero acaba sendo uma das qualidades do filme. E a outra qualidade é a presença de personagens enigmáticas, como a gélida Ruth Lang, a esposa do primeiro-ministro (em excelente atuação de Olivia Williams).

E o próprio profissional contratado para substituir o
ghost writer morto, encarnado por Ewan McGregor, é uma pessoa no mínimo esquisita. Justamente a contida atuação dele que sustenta o filme, cujo roteiro se baseia na obra homônima de Robert Harris. Em suma, talvez pela direção tarimbada de Polanski,
O escritor fantasma é um filme bastante tolerável. Na aridez atual de bons diretores autorais, ter diante dos olhos um filme de Polanski deveria ser uma dádiva. Em outras palavras, ainda é mais garantido ver um dos filmes mais fracos de um diretor forte do que o filme mais forte de um diretor fraco. A propósito, força é o que não faltou no seu filme seguinte:
Deus da carnificina.
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