segunda-feira, setembro 07, 2015

Arsène Lupin

Para quem tem dois filhos pequenos, é quase impossível querer assistir a um filme "adulto", até mesmo de vez em quando. A menos que o casal possa deixar os filhos com os avós, o que não é o meu caso na maior parte do tempo, a solução é assistir o filme em partes. Este filme de 2 horas e 10 minutos levei a semana inteira para ver, em flashes de 15, 20 minutos. Então, para mim, pareceu mais uma minissérie ou um seriado. E na verdade o roteiro tenta condensar muita coisa, para ser sincero.
Começando pelo começo: aluguei o filme num sábado (e aluguei-o pelo simples fato de que costumava ler os romances de Maurice Leblanc que eu pegava na biblioteca municipal) numa locadora de minha cidade, um dvd com a caixinha já quebrada na ponta, e como não era mais lançamento, e o dono da locadora é camarada, ele fez uma "diária estendida". Isso permitiu colocar em ação o meu plano de assistir o filme nas brechas. Durante o fim de semana nem pude dar muita atenção a ele, afinal o pequeno teve surtos de febre de 39 graus, e estivemos às voltas com pediatras, laboratórios de análises e o diabo a quatro, tudo para descobrir que não passava de uma virose benigna autolimitada.
Voltando à vaca fria, e com a temperatura do filho já em ordem, pude terminar a saga de ver este Arsène Lupin, com direção de Jean-Paul Salomé, protagonizado pelo ator Romain Duris, do cult De tanto bater, meu coração parou.
Esse Maurice Leblanc viaja mesmo, e se tudo que tem no filme tiver no livro, é de se tirar o chapéu para ele, e também para os roteiristas que conseguiram adaptar de modo razoável coisas que nas páginas são contadas com elegância e precisão. O elenco, como de costume em filmes franceses, já vale o filme. Este em especial conta com duas belas e hipnóticas atrizes: Eva Green, a priminha apaixonada por Arsène, e Kristin Scott Thomas, a enigmática, às vezes sedutora, às vezes pérfida, Josephine, a condessa de Cagliostro, personagem redondíssima (aquela que segundo a teoria literária se comporta de modo imprevisível e tem várias facetas, ou seja, personagem totalmente anticlichê) e leitmotiv do filme. Com um ritmo alucinante que lembra outro filme francês da mesma época (Pacto dos lobos), Arsène Lupin, o filme de 2004, serve para introduzir as novas gerações ao charmoso personagem. Sendo um apaixonado por essa interface literatura-cinema, aproveito a deixa para publicar as capas de algumas edições do livro que serviu de inspiração ao filme.



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