Com elenco amador (composto principalmente por pessoas da comunidade pesqueira da Sicília), o diretor italiano Luchino Visconti cria uma história sobre a insatisfação humana.
'Ntoni é o nome do protagonista.
Ele é um jovem pescador revoltado com o "status quo".
E qual é o estado das coisas?
Os pescadores trabalham para os donos dos barcos, arriscando a vida, velejando ao mar aberto todas as noites, voltando pela manhã, após ter lançado e recolhido suas redes inúmeras vezes. O produto de sua faina é então comprado em "leilões" tumultuados, nos quais os pescadores são obrigados a aceitar preços escorchantes.
Pelo menos, é com esses olhos que 'Ntoni enxerga os fatos.
Encasqueta que a solução é hipotecar a casa centenária da família e, com o dinheiro da hipoteca, comprar um barco próprio e vender os peixes em Catania, a cidade vizinha.
Visconti conta a história quase como se ela fosse um documentário, e algumas cenas realmente retratam o cotidiano dos pescadores. Seja como for, o resultado artístico obtido com um elenco não profissional é digno de nota.
Atenção: a leitura dos próximos parágrafos é indicada apenas para quem já teve o prazer de assistir ao filme.
SPOILER SPOILER SPOILER
SPOILER SPOILER SPOILER
SPOILER SPOILER SPOILER
SPOILER SPOILER SPOILER
As tramas paralelas envolvem as esperanças amorosas de Ntoni e suas duas irmãs. E a trajetória do irmão mais novo de 'Ntoni, que, ao ficar desempregado, envereda por caminhos tortuosos.
Este artigo do Wikipédia conta como o filme foi encomendado pelo Partido Comunista e é inspirado no livro Malavoglia (1881), de Giovanni Verga. A página também menciona o elenco que não é creditado no filme. Já este artigo lista os 8 melhores títulos da filmografia do diretor italiano.
Uma cena chave do filme é aquela em que os empresários estão contratando pessoas para tripularem os novos barcos recém-batizados. Em meio ao modo humilhante que a classe "empresarial" oprime os pobres e esfarrapados candidatos, a câmera mostra na parede um slogan de Mussolini.
A terra treme pode ser visto como um libelo contra a exploração do homem pelo homem.
Ou simplesmente como uma prova de que, às vezes, é melhor contentar-se com o que temos, progredir aos poucos e não dar um "passo maior que a perna".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é bem-vindo!