segunda-feira, abril 24, 2017

O fabuloso filme de Jean Pierre Jeunet


                        O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001) é um filme fácil de ver e gostar. O roteiro é dinâmico e original. A história é contada de forma leve e bem-humorada. O elenco dá vida aos personagens. Resultado: o espectador se diverte e se emociona com as peripécias da jovem Amélie Poulain.


             Amélie é filha única de um casal de professores. Até os seis anos, tudo vai bem em sua vida, quando perde a mãe em circunstâncias tragicômicas. A atriz mirim Flora foi escolhida depois de seleção rigorosa. Fala apenas uma frase. Seu olhar expressivo já diz tudo. O diretor só começava a filmar depois da pequena Flora declarar: “Eu estou pronta”. Detalhe: ela é filha de pai francês e mãe brasileira.

            Um pulo e Amélie aparece já moça. Os mesmos cabelos e olhos castanhos cheios de expressão, agora representados por Audrey Tautou. Esta menina hipnotiza o público em sua rotina comum. É balconista de um café com estranhos clientes. Entre eles, um escritor fracassado e um namorado rejeitado.  Outros personagens de sua vida são seu gato, com quem divide o apartamento, e os vizinhos do prédio. Um misterioso pintor com ossos de vidro. Uma senhora que vive a reler as cartas do esposo morto.  Um mal-humorado dono de fruteira, que vive a humilhar seu empregado de um braço só. Aos fins de semana, Amélie visita o pai viúvo, aposentado e acomodado. Quanto à vida "pessoal": o coração de Amélie anda à procura de algo mais, algo que realmente valha a pena.


           
       Uma série de coincidências leva Amélie a descobrir uma caixa com itens colecionados por um menino, na década de 50. Amélie encasqueta em localizar o dono da caixa e lhe devolver as relíquias de sua infância.  Daí por diante, contar seria estragar as muitas surpresas do filme. Amélie atua como uma catalisadora de emoções. Através de seu modo de ser, transforma todas as pessoas ao redor, quase esquecendo de si.

            Uma das "mensagens" do filme seria essa. Para isso que servem os amigos, afinal. Dar um toque, um empurrãozinho. Alguém fará por Amélie o que ela está fazendo pelos outros?

            Sobre o diretor Jean Pierre Jeunet: começou a carreira na publicidade e fazendo videoclipes. Em longa-metragem codirigiu Delicatessen (91), onde predominava o humor negro. Realizou Ladrões de sonhos (95), mantendo o estilo esquisito. Um passo para o cinema mais pop foi dado com Alien 4 (97).

           
       Amélie é uma bem-vinda volta às origens. Um filme com o melhor do cinema francês: o humor, a música, a linguagem, uma penca de personagens característicos... Um filme merecedor de seu Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Diga-se de passagem: em 2014, Jeunet, cineasta pouco prolífico, mas de estilo bastante especial,  voltou a acertar em cheio, com o prodigioso A viagem extraordinária, filmado em 3-D.          

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