domingo, março 08, 2020

O homem invisível


O homem invisível de Leigh Whannell transforma Adrian Griffin, o clássico, multifacetado e repleto de conflitos personagem da literatura numa figura rasa e previsível.

Essa é a maior heresia do filme cuja história se concentra em acompanhar os passos da sem carisma Cecilia, mulher que foge do marido e pensa estar sendo perseguida por ele. 

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"Aclamada" entre os críticos de plantão (que provavelmente jamais pegaram o livro de H. G. Wells nas mãos), a nova roupagem de O homem invisível não explora a complexidade de dramas enfrentados pelo Griffin original.



A pegada "feminista" do filme contribui para o reducionismo patético da psicologia daquele que deveria ser o personagem mais aprofundado pela história, mas acaba sendo mera marionete das intenções canhestras dos roteiristas.

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Foram necessários mais de 70 minutos para que o primeiro diálogo inteligente acontecesse, e ele se dá durante o jantar entre as irmãs Emily (Harriet Dyer) e Cecilia (Elisabeth Moss) num restaurante chique. Incrivelmente as frases que Emily diz para o garçom são as melhores do filme.

A sessão se arrastava, e pouco tempo depois, em pleno "clímax" do filme, uma família inteira debandou do cinema, em protesto por ter sido enganada. Vender o filme como "refilmagem do clássico dos anos 30" é sem dúvida no mínimo uma propaganda enganosa. 

"The Invisible Man"

Este O homem invisível mais parece uma esquecível refilmagem de Dormindo com o inimigo (1991), de Joseph Ruben, em que Julia Roberts é perseguida pelo marido de quem ela foge. Com a diferença que o filme de Ruben aborda o problema sem precisar esculachar uma história clássica sobre conquistas científicas e a angústia de ser humano, demasiadamente humano. 


Ao longo das décadas a ideia sublime de H. G. Wells tem sido adaptada de várias e diferentes formas. Cansativo e manipulador, O homem invisível versão 2020 não empolga nunca e praticamente não traz momentos que "valem o ingresso". 

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