Pelo que eu conheço da Academia, o filme de George C. Wolfe, Ma Rainey's Black Bottom (A voz suprema do blues), tem boas chances de fazer história no dia 25 de abril como o filme que deu a Chadwick Boseman um Oscar de Melhor Ator.
Black bottom é na verdade uma dancinha afro-americana, famosa no jazz dos anos 1920. Joelhos dobrados, torso curvado e movimentos sincopados de pélvis e quadril. Segundo a Enciclopédia Britânica, a black bottom, junto com o charleston, fez tremer as bases das danças em pares. Você dança com alguém, mas pode se afastar do par, ou se quiser, dança sozinho.
O produtor é ninguém menos que Denzel Washington, que já havia adaptado outra peça teatral do dramaturgo August Wilson para o cinema: Fences, que no Brasil foi lançado como Um limite entre nós (2016), dirigido e protagonizado por Denzel, e o elenco também trazia Viola Davis.
Em A voz suprema do blues, o roteiro foi adaptado por Ruben Santiago-Hudson, e este pode ser outro ganhador do Oscar.
Viola Davis como Ma Rainey é uma interpretação estupenda, digna de ser premiada.
E saber que A voz suprema do blues foi o último filme do "Pantera Negra" Chadwick Boseman nos entristece ao mesmo tempo em que faz aumentar a admiração por ele.
Chadwick se torna o trompetista Levee Green. Outra interpretação estupenda, digna de Oscar.
Assim, a cerimônia de 25 de abril pode ter um Oscar póstumo (mereceria ter dois, mas Jack Fincher acabou não sendo indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original pelo estupendo roteiro de Mank).
Uma qualidade de A voz suprema do blues é ser curto! A metragem foge da mania atual de encompridar a história. 94 minutos. Na medida certa.
George C. Wolfe, diretor com mais experiência em teatro, fez a transição da peça para outra mídia com emoção e dinamismo.
O filme conta em tempo real uma sessão de gravação da obstinada Ma Rainey num estúdio abafado no calor do verão de Chicago.
Dos "oscarizáveis" que já assisti, é o que mais se universaliza em termos de mensagem, de tocar o público por diferentes motivos.
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