quinta-feira, dezembro 06, 2018

O alucinante olhar de Sam Raimi




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O ALUCINANTE OLHAR DE SAM RAIMI

Aproveitando a revisita ao faroeste Rápida e mortalvou republicar um apanhado da filmografia de Sam Raimi.

Uma Noite Alucinante 2 é um filmaço de terror e humor apetecível para um nicho mercadológico específico: ou seja, pessoas com um parafuso a menos, multissequenciais, não lineares – pessoas que se permitem, de vez em quando, achar graça de bobagens... 

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Não que Uma noite alucinante 2 seja um filme bobo, muito antes pelo contrário. Para mim, é seríi­ssimo. Defendo esse filme com unhas e dentes. Os movimentos vertiginosos da câmera entrando na casa mal-assombrada são até hoje copiados. O lance da mão tomando vida própria, e o pobre Ash tendo de amputá-la com a motosserra, está entre as cenas ao mesmo tempo mais dantescas e estapafúrdias da história do cinema.
Depois pesquisei e descobri que Uma noite alucinante 2 (Evil Dead II- Dead by Dawn) é, na verdade, praticamente uma refilmagem, com orçamento mais polpudo, do primeiro filme de Sam Raimi, realizado em 83: Evil Dead (que no Brasil já saiu em ví­deo, com o estúpido tí­tulo A morte do demônio). A trilogia se completaria anos depois, com o lançamento de Army of Darkness (1992), que eternizaria o anti-herói Ash (Bruce Campbell) e a mais romântica frase já proferida em um filme de terror, dita a Embeth Davidz, antes de uma cálida noite de amor: “Give some sugar, baby”
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Depois veio Darkman, vingança sem rosto (90), onde, na verdade, começou a nova onda de filmes baseados em HQ. Dos créditos iniciais aos finais, Darkman é uma aula de como adaptar banda desenhada ao cinema. Não é para menos que, uma década depois, Sam Raimi seria escolhido como o olhar por trás da câmera da série Spider Man.

Ah, sim, antes que me esqueça: entre os dois primeiros Evil Dead, ele lançou uma comédia peripatética, com roteiro dos irmãos Coen: Crimewave (Dois heróis bem trapalhões). Este filme, realizado em 1985, “disponí­vel nas melhores locadoras”, é na linha de Arizona nunca mais, com umas pitadas noir. 

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Vai analisar, a obra de Sam Raimi é supercoeren
te. Estamos em 93. Está completa a trilogia Evil Dead. Sam Raimi já esgotou a fonte, usou e reusou o ator fetiche Bruce Campbell (que faz uma ponta em Darkman como o cara que se vira no fim do filme, em Spider Man como o apresentador das lutas e em Spider Man 2 como o barrigudo porteiro do teatro). Já fez parceria com os Coen. Já expressou a paixão pelas HQs. Qual é o próximo passo? Um western, é claro!!

Rápida e mortal (The Quick & The Dead, 95) é um faroeste clássico. Estarei exagerando? Clássico é adjetivo para Casablanca. Matar ou Morrer é um faroeste clássico, dirá algum estudioso da matéria. Bem, hipérboles à parte, o fato é que Sharon Stone, no auge da carreira, escolheu o diretor que quis, no roteiro que escolheu, e o resultado foi um estouro. Um dólar nem um pouco furado. E o elenco não deixa por menos: Russel Crowe, Leonardo DiCaprio, Gene Hackman, Lance Henriksen...
Mudança sutil de estilo veio com Um plano simples (98). Aqui, Sam Raimi afasta-se um pouco da virtuosidade visual e experimenta um tom mais sóbrio, centrado na direção dos atores. Um passo simples e à frente.

Toda banda boa tem seu disco ruim. E eis que a carreira de um bom diretor tem seus deslizes. Estou falando de “For Love of the Game (99)”, comédia romântica com Kevin Costner. Aqui Raimi tipo “se vendeu” para o sistema, não foi um filme “de autoria”, definitivamente. Torci o nariz para esse filme, em protesto. Nem fui vê-lo no cinema. Acabei vendo em ví­deo, na casa de minha mãe, e olha: é até bem bonzinho.

O bom filho à casa torna: Sam Raimi voltou ao suspense com The Gift (O dom da premonição, 2000). Porém, o tom aqui é outro. Puxando para o “suspense psicológico”, levando-se completamente a sério. O roteiro chafurda no pântano dos lugares-comuns, e o que podia ser uma volta aos velhos tempos, deixou um pouco a desejar. Sam Raimi parecia preocupado em mostrar que pode ser um diretor de filmes “sérios”. 


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A fantasia e a aventura são, sem dúvida, a sua praia. Tudo o que Sam Raimi aprendeu, desde a fase trash-escatológica de Evil Dead até o sisudo Um plano simples, a alucinante capacidade de inventar tomadas e movimentos de câmera, adicionada à maturidade na direção dos atores, desembocou de forma cristalina na série Spider Man. Ninguém chega aonde chega ao acaso. O talento e o treinamento são essenciais. A série Spider Man está aí para provar. Alguém discorda? 


Depois da série Homem-Aranha, Sam Raimi realizou apenas dois filmes: Drag Me to Hell (2009) e Oz - mágico e poderoso (2013), seu único filme 3-D.



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