quinta-feira, julho 14, 2011

O massacre de Reykjavic


Um dos charmes do Fantaspoa é a diversidade linguística que serve de bálsamo a ouvidos já fatigados da mais recente língua franca (o inglês). Assistir a um filme falado em islandês, com locações na longínqua Islândia, num cenário natural maravilhoso de fiordes e mares onde as baleias se reproduzem com liberdade, sem dúvida já paga o ingresso promocional de cinco pila.
E se o produto em questão for um slasher movie de roteiro razoavelmente bem amarrado com pitadas de meditação ecológica (num diálogo o Greenpeace é chamado de green piss) e, de quebra, uma abertura tipo documentário que lembra os trágicos dias da caça à baleia, então o espectador não muito exigente com certeza já está no lucro.
O massacre de Reykjavik (Harpoon: Reykjavik Whale Watching Massacre, ou HRWWM para os mais íntimos), obra de Július Kemp, retrata o que devia ser um inofensivo passeio de turistas para ver baleias em seu hábitat. No cais da capital islandesa, sobem a bordo do Poseidon, barco pilotado por ninguém menos que Gunnar Hansen (o ator que interpreta o psicopata Leatherface em Massacre da serra elétrica, o clássico de 1974, dirigido por Tobe Hooper), turistas de vários países, como Alemanha, França, Inglaterra e Japão. O intertexto com The Texas Chainsaw Massacre não é apenas no título e no elenco. É também na sede de sangue de uma família de freaks e na falta de motivos para explicar essa sede de sangue. O fato é que os desavisados turistas se veem numa situação periclitante quando acidentalmente o capitão é trespassado por um arpão. O grupo dá graças aos céus quando é "resgatado" por um dos membros da desajustada família que vive num velho barco ancorado numa pacata enseada defronte aos majestosos fiordes e a um farol (com um faroleiro weirdo, diga-se de passagem). Logo o grupo percebe que a situação que era crítica passou a ser dramática, e é um Deus nos acuda no convés quando um dos freaks enfia o martelo na testa de uma das alemãs. Cada um a seu modo procura se esconder no sinistro barco para salvar a pele, à exceção do nosso inteligente japonês, que pega um colete salva-vidas e pula no mar.

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