Outro charme do Fantaspoa é matar as saudades do tempo em que eu morava na Duque de Caxias e caminhava muito pelas ruas do centro. Tempos em que eu subia a rampa da João Manoel depois de ter assistido no Cacique Uma noite alucinante ou no Scala a pré-estreia de O selvagem da motocicleta ostentando no sobretudo um button do Cramps, aquele da caveira com os cabelos espetados.
De volta a 2011. Ao sair da sessão de HRWWM (ver post abaixo), que passou na sala Eduardo Hirtz, da Casa de Cultura Mário Quintana, na rua dos Andradas, carinhosamente chamada de rua da Praia, me encaminhei ao Cinebancários, a cerca de três quadras dali, na célebre rua da ladeira (General Câmara). O tempo estava esquisito, meio abafado, e uma garoa morna começava a molhar as ruas. Fui assistir ao segundo filme da noite: horror made in German, O último empregado, que tem no currículo o The Mélies D'Argent, a láurea mais elevada do Festival de Cinema Fantástico de Leeds, na Inglaterra. Diferentemente dos demais filmes que assisti no Fantaspoa, este não tem nada de engraçado. Aqui a proposta é deixar o espectador com o cabelo em pé. Enervar, inquietar, encucar, apavorar, aterrorizar. E, guess what, o filme de Alexander Adolph é realmente creepy. À primeira vista, o roteiro parece um estranho híbrido de Amor sem escalas e O sexto sentido, com o tema do desemprego mesclado a assombrações. Envolve um homem que tem o mesmo trabalho de George Clooney em Up in the air, isto é, despedir uma equipe de funcionários, com a diferença que também irá fazer o inventário da empresa. David (Christian Berkel), homem que já tem um histórico de problemas psiquiátricos, ganha uma nova oportunidade no mercado de trabalho. Depois de pôr todos os funcionários no olho da rua, ele adota o abandonado e fantasmagórico escritório da empresa como local de trabalho. A mórbida presença de uma das funcionárias mais antigas da empresa, a sra. Block (Bibiana Beglau, numa performance arrepiante) vai ser sentida por David, com todos e em todos os sentidos. E o problema vai influenciar seu relacionamento com os familiares, notadamente a sogra Greta, a esposa Irina e o filho Simon.
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