sábado, maio 11, 2019

Bird Box

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O escritor Josh Malerman, também letrista e vocalista da banda The High Strung, durante as viagens da banda, que faz cerca de 250 shows por ano, escreveu 14 livros sem nunca tentar vendê-los. Até que, incentivado por um amigo, aceitou submeter um dos manuscritos às Editoras. A sua estreia como autor publicado foi Bird Box.

No Brasil, o livro ganhou o título de Caixa de pássaros. Em Portugal, Às cegas.

Em 2018, foi lançada no Netflix a versão fílmica, com Sandra Bullock e John Malkovich no elenco, dirigidos pela cineasta dinamarquesa Susanne Bier, com roteiro de Eric Heisserer (roteirista de A chegada).

Bier tem no currículo o filme Em um mundo melhor, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2011.

Desta vez, a preocupação de Bier com o "lado escuro" do ser humano, já explorada no filme que lhe deu o Oscar, é exacerbada de um modo impactante.

Bird Box é um filme aterrador. Um filme aterrorizante. Um filme de terror em que a sobrevivência é a principal meta. A esperança em um mundo melhor? Ficou para trás. Restou um modo de vida demente, depressivo e deprimente.

Sandra Bullock conduz as ações na pele de Mallory, grávida prestes a dar à luz, que se vê numa situação apocalíptica e acaba confinada numa casa com um grupo de pessoas desconhecidas. 

Nessa parte do filme existem alusões a Um anjo exterminador, de Buñuel. Estar numa casa com pessoas de quem não gostamos e não poder sair dali. A sensação de claustrofobia toma conta do espectador.

Alternando as cenas de puro terror com diálogos destinados a "desenvolver os personagens", o filme tenta avançar e conquistar os espectadores.

Confesso que, em certos momentos, pensei em interromper a sessão, principalmente nos primeiros 30 minutos. Algo na ideia toda de Bird Box exige um mergulho ficcional que talvez eu não seja mais capaz de me permitir. Tive a mesma sensação ao ver Nós.

Mas persistente eu sempre fui. Resiliente, eu prossegui e terminei de assistir ao filme.
A minha sensação ao terminar de assistir a Bird Box foi a de dever cumprido. 

A propósito, o final do livro é mais sombrio, segundo este artigo. Nele Susanne Bier explica as suas decisões sobre as diferenças entre a conclusão do livro e a do filme.

Sendo um cinéfilo que respeita a carreira do realizador, não vou massacrar Bird Box como fez este crítico iconoclasta.

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Talvez seja esta a maior diferença entre um cinéfilo e um crítico. 

O cinéfilo não consegue dissociar a obra de seu autor. Por isso, aborda os filmes com mais reverência e admiração.

O crítico consegue deixar de lado o currículo dos envolvidos. Por isso, concentra-se apenas no filme que está vendo.

Críticos também são cinéfilos a seu modo. No sentido de que amam o cinema. Mas precisam ser frios em sua análise.

Cinéfilos também são críticos a seu modo. No sentido de que analisam o cinema. Mas precisam ser fiéis a seu amor.  


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