terça-feira, maio 14, 2019

Fronteiras do Pensamento: Graça Machel fala sobre igualdade e aceitação



Dia 13 de maio de 2019, Salão de Atos da UFRGS. Um vídeo inaugura o Fronteiras do Pensamento, preparando a entrada do apresentador e moderador, o jornalista Tulio Milmann.



Antes da palestra da conferencista Graça Machel, o reitor da UFRGS fala breves palavras sobre os 85 anos da Universidade.

Em seguida, Tulio Milmann retoma a palavra para resumir os principais pontos da carreira de Graça Machel.



Nascida em Moçambique, Graça Machel é dona de um currículo espantoso, em uma trajetória de vida em que criou oportunidades para exercer seu pendor para trabalhar em prol de uma sociedade mais igualitária e mais justa.

Em seu país natal, lutou pela liberdade e foi casada com o primeiro presidente após a independência, exercendo então o cargo de Ministra de Educação por vários anos.

Ficou viúva e, em uma outra etapa de sua vida, casou-se com o líder de outra nação, a África do Sul. Ninguém menos que Nelson Mandela.

Essa senhora de tantas e ricas experiências entrou e falou em um português bastante compreensível, pausado, com leve sotaque lusitano. Apenas duas palavras eu tive mais dificuldade de entender: "independentemente" e "distorções". No mais, as diferenças de entonação não foram obstáculo para compreender a graciosa fala de Graça Machel.



Em um sóbrio traje vermelho, ela propôs à plateia presente no Salão de Atos da UFRGS uma conversa sobre coisas simples, coisas básicas, como ela mesma fez questão de frisar.

Em essência, ela passou uma mensagem de que nós, seres humanos, somos iguais. Nascemos da mesma maneira, os nossos corações batem, respiramos, sangue vermelho corre em nossas veias, e no final, encerramos nossa existência da mesma forma.

Todos nós, seres humanos, somos iguais. Diferenciações de gênero, raça, religião não são coisas da natureza. 

Dona de múltiplas identidades, mulher, negra, africana, mas sobretudo, um ser humano. E como tal ela declarou que ambiciona ser vista e tratada.

A sua palestra desenvolveu-se em torno desse tema, abordando outros aspectos, como a importância de aceitarmos os nossos semelhantes como eles são.

Aceitar é mais do que apenas tolerar, explicou Graça Machel.

Ela frisou a importância e a necessidade de nos articularmos em movimentos que busquem a valorização e a dignidade do ser humano.

Também mencionou a preocupação com a tecnologia, que nos permite a comunicação imediata com milhares de pessoas no mundo, mas que muitas vezes está diminuindo a capacidade de contato "olho no olho", de convívio familiar.

A tecnologia pode ser usada a favor dos seres humanos, mas sem prejudicar o desenvolvimento das relações humanas.



Após a palestra, o público, que a aplaudiu de pé, pôde interagir com perguntas, e também o moderador formulou algumas.

Nessa parte, ela contou que Nelson Mandela conseguiu mesmo com 27 anos na prisão perdoar as pessoas que o privaram da liberdade e, por isso, pôde exercer uma liderança positiva e capaz de criar as pontes necessárias rumo a uma sociedade mais igualitária.

Respeitosamente, ela declarou sua surpresa e sua discordância com os cortes de 30% no orçamento das Universidades Federais do Brasil. Ela procurou manifestar a sua opinião de modo bastante cauteloso, mas fez uma comparação bastante forte. Na opinião dela, o corte equivale a amputar as asas de alunos de condição social menos favorecida. Segundo Graça Machel, os mais pobres serão os mais prejudicados com o corte, já que os mais ricos poderão pagar pelo ensino em outras universidades.

Deixando de lado as questões locais e voltando à universalização, Graça Machel concluiu conclamando os presentes a se articularem e a se esforçarem para criar uma sociedade que valorize a igualdade e a dignidade humanas.



E assim terminou a primeira das 8 conferências do Fronteiras do Pensamento 2019.



Texto e fotos de Henrique Guerra.




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