domingo, julho 21, 2019

ROCKETMAN

Rocketman-15

Sob todos os prismas, Rocketman é um musical trepidante. Uma conjunção de decisões felizes resulta num filme consistente do começo ao fim.
A aparente quebra na linha temporal de algumas das canções surpreende e desafia o espectador a buscar na trajetória de Elton John aquela melodia, aquele ritmo, aqueles versos.
Uma coisa que eu observei foi que, na cena em que Elton John em 1969 mostra ao empresário suas músicas, ele começa a tocar "I Guess That's Why They Call It the Blues", que é uma canção do álbum Too Low for Zero, lançado apenas na década de 1980. Esse tipo de brincadeira permeia a estrutura do filme, fazendo-o embarcar numa lúdica aventura no repertório fantástico de uma das parcerias mais brilhantes do rock, ou seja, Bernie Taupin e Elton John.

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Claro que alguns detalhes passam despercebidos para quem, como eu, não tem a coleção completa de seus discos. Tenho o mencionado álbum Too Low for Zero, de 1983, que trazia I'm Still Standing, e um outro de melhores sucessos, que emprestei para um certo alguém e estou esperando até hoje que me devolva.

Também fui ao show de Elton John no Estádio do Zequinha, em Porto Alegre, em 2013. São as credenciais que eu tenho para mostrar que acompanho a carreira dele, mas não sou exatamente o que poderia ser chamado de "fã de carteirinha".

Resultado de imagem para rocketman movie therapy scene Eis que o filme é um triunfo para todos os tipos de espectadores. Qualquer pessoa com o mínimo interesse por música se deleitará com a originalidade e o modo como as canções são inseridas para contar a história e a vida de um artista que desde criança queria ser amado.

Quanto à parte biográfica, está tudo ali. A relação difícil com o pai, a parceria mágica com Bernie Taupin, o sucesso avassalador, questões de fôro íntimo, o uso de drogas, a recuperação...

Scene from Rocketman

Rocketman é um emocionante filme sobre redenção, e cabe aqui citar o nome das pessoas envolvidas, a quem devemos nossos agradecimentos e reverências: 
Taron Egerton (ator que encarna Elton John adulto), Jamie Bell (Bernie Taupin), Kit Connor (Elton John pré-adolescente), Dexter Fletcher (diretor do filme) e Lee Hall (roteirista).

Lee Hall, por sinal, também escreveu o roteiro de Billy Elliot, o filme estrelado por Jamie Bell, e nesta entrevista o roteirista conta que Rocketman pode ser considerado uma espécie de continuação, pois há paralelos entre o personagem fictício de Billy e a vida de Elton John.

E, pensando bem, o tipo de epifania que Billy Elliot provoca nos espectadores é evocado também em Rocketman.

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quarta-feira, julho 17, 2019

PETER WEIR EM DOSE DUPLA: O ENCANADOR

Este é o 2º post da série PETER WEIR EM DOSE DUPLA, da qual o primeiro post foi sobre The Cars that Ate Paris.
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 Para quem já assistiu a A última onda, será fácil notar os pontos de intersecção com O encanador. O que no primeiro é um dos temas principais (estudos sobre a cultura aborígene) no segundo é o metiê da protagonista, uma doutoranda que se vê refém de um encanador nem um pouco convencional.

O filme é de uma originalidade impactante por sua mescla de "quase" gêneros: romance de costumes, comédia, terror, etc.

 



Por que "quase"? É que o roteiro inteligentemente flerta com uma multiplicidade de gêneros mas, de modo proposital, não se concretiza em nenhum deles, numa espécie de metáfora sobre o sofrimento da própria protagonista na história.  

O espectador é colocado numa situação similar à da protagonista. 

Peter Weir é o encanador que não sai de nosso apartamento, fazendo estripulias em nosso cérebro; tal é o poder deste filme em causar exasperação e despertar reações.
 

A facilidade com que o encanador quebra uma parede é algo ultrajante para quem tem ojeriza a reformas, canos furados e contratempos afins. Seja como for, Jill (Judy Morris), habita um apartamento universitário, e aparentemente é obrigada a deixar o sedutor e sádico encanador Max (Ivar Kants) entrar no recinto e prestar os seus duvidosos serviços.

Eis que o drama de Jill vai se desenrolando e ela se sente abandonada pelo marido que quase nunca está ali para protegê-la ou ajudá-la naquela situação esdrúxula.

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O único desafogo de Jill é a amiga Meg (Candy Raymond) que permite à perturbada cientista tentar manter a sanidade mental.

Resultado? Um banheiro semi-interditado, com precárias situações de uso, por longas e intermináveis semanas.

Como se isso não bastasse, o alienado marido Brian (Robert Coleby) pateticamente convida acadêmicos de alta estirpe para jantar no apartamento.

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Weir faz um jogo de críticas sociais, pois existe uma tensão sexual entre Jill e o encanador, e também o choque de classes, a burguesia acadêmica x proletariado (teoricamente) inculto. 

O desenlace é surpreendente e vale a pena o garimpo.


terça-feira, julho 16, 2019

PETER WEIR EM DOSE DUPLA: THE CARS THAT ATE PARIS


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Certa vez adquiri um dvd de outra área que só consigo reproduzir no dvd player de meu velho notebook HP. Um dia desses, fiz funcionar o velho notebook e aproveitei para rever o dito cujo.
O tal dvd cantado em prosa e verso contém nada menos que duas raridades, dois filmes de Peter Weir, o meu cineasta predileto, de sua fase australiana.

São eles: 

1) The Cars that Ate Paris (1974, a.k.a The Cars that Eat People e, no Brasil, lançado com o título ridículo de Violência por acidente), o
primeiríssimo longa-metragem de Peter Weir; e

2) The Plumber (O encanador), curioso  (e exasperante) filme realizado para tevê em 1979,  filme que veio como "bônus" nos extras do dvd e que será comentado em um post separado.

The Cars that Ate Paris começa com uma bizarra introdução que lembra um comercial. O objetivo é situar o espectador na situação premissa do filme, ou seja, carros que acabam se embrenhando na estrada errada e sofrem "acidentes" que matam ou deixam condutores e passageiros expostos a sofrerem uma indesejada e desnecessária lobotomia. (A propósito, a cena da furadeira é talvez a mais aterrorizante do filme.)



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A rápida introdução dá lugar à apresentação do protagonista, Arthur Waldo (Terry), que vaga pelas estradas australianas em busca de emprego. Uma cena emblemática mostra ele na fila de desempregados, mas as entrevistas encerram antes de chegar a vez dele. O irmão dele ao volante, os dois seguem no veículo. Está anoitecendo. Uma placa na rodovia indica Paris, um vilarejo próximo, uma promessa de pouso e comida. Inadvertidamente, os dois enveredam pela estradinha vicinal.

A partir daí, o espectador se depara com um festival de horrores, uma comédia de humor negro do melhor calibre.

A cidade é Paris, e o prefeito Len Kelly a governa com braço de ferro. Todas as pessoas sabem as suas tarefas e as desempenham de modo assustadoramente mecânico. A única dissidência é ensaiada por um grupo de jovens rebeldes e seus carros envenenados.

Mas Paris não é uma cidadezinha turística como aparentemente promete ser.

A prioridade aqui não é atrair e receber os hóspedes ocasionais com boas-vindas, boa comida e uma boa noite de sono.

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Paris se especializou em outro ramo da atividade humana: o crime.

Numa curva da estrada, sinistros acidentes sempre acontecem. E com o carro dos irmãos não é diferente.

A diferença é que Arthur vai sobreviver e, aos poucos, conhecer os segredos horríveis que a comunidade esconde.

A certa altura, ele vai poder escolher entre a proteção da família do prefeito e a tentativa de se libertar da claustrofóbica aldeia.

Algumas sequências são aterradoras em sua crítica social velada, como a hipocrisia no baile promovido entre todos os  habitantes, inclusive os catatônicos pacientes do hospital.

Weir conta nos extras que o filme foi um fracasso comercial, pois os produtores não entenderam o produto e não souberam como vendê-lo, alterando o título e piorando o que já não era lá muito vendável.

Apesar disso, com a consolidação artística da carreira de Weir, o filme ganhou em importância, foi relançado em dvd e blu-ray e hoje possui admiradores e cultuadores mundo afora. 
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No Brasil, o título do dvd foi bastante infeliz. 

Algumas opções:

Desmanche sinistro

ou 

Curva fatal

ou até mesmo

A cidade que engolia carros.

Mas os interessados em procurar essa raridade nas locadoras, terão que procurar o arbitrário título Violência por acidente.

Ou seja, o problema que Weir enfrentou lá no começo, na hesitação dos distribuidores, na falta de definição do "gênero" do filme, também foi enfrentado pelos distribuidores brasileiros, que acabaram errando a mão na hora de escolher um título capaz de atrair um público.


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Aguardem o post com o comentário sobre The Plumber (1979).

sexta-feira, julho 12, 2019

Mistério no Mediterrâneo

Reprodução

O roteirista James Vanderbilt, além de ter um sobrenome e tanto, de inexperiente não tem nada. Só para ilustrar essa afirmação, já assinou o roteiro de filmes como Zodíaco e dois da franquia Homem-Aranha.

É um sujeito com recursos, portanto. A entrevista que ele deu para a Awards Daily é uma prova disso.

Por que cargas d'água se permitiu fazer este Murder Mystery, que no Brasil teve o título melhorado, diga-se de passagem, é um mistério que talvez só um detetive como Hercule Poirot ou Miss Marple  pudesse solucionar.

Não estou falando que o filme é uma droga, longe disso.

É até engraçadinho, do tipo que o espectador assiste com condescendência, tentando perdoar os excessos. O elenco acaba contrabalançando o pouco interesse que a trama suscita.

No frigir dos ovos, Mistério no Mediterrâneo é a prova cabal de uma das máximas do cinema, e do teatro também.

Um filme nunca conseguirá ser melhor do que o roteiro. O mesmo acontece com uma peça teatral.

É o roteiro que posiciona a régua de qualidade, que a fotografia, a direção, a atuação do elenco, a música, podem tentar alcançar e manter.

Mas se o roteiro se entrega a soluções fáceis, a surpresas que não surpreendem, a um humor do tipo um tanto forçado, e a um suspense capenga, bem, aí tudo já começou mal, se é que você me entende.

O diretor Kyle Newachek até tentou entrar na brincadeira, assim como o elenco, e, principalmente, o público norte-americano.

Quase 31 milhões de assinantes assistiram ao filme nas primeiras 72 horas, de acordo com os dados relatados pela plataforma de streaming em 18 de junho de 2019. 

É um recorde para lançamentos Netflix.

Adam Sandler, Jennifer Aniston, Luke Evans, Gemma Arterton e Terence Stamp lideram o elenco e contribuíram para atrair a atenção de um público ávido por... Hum... O público do Netflix é ávido por que será mesmo?

Charlize Theron fez bem em desembarcar desse iate a tempo e ganhou um crédito de produtora executiva.

Não chego aos pés de Poirot e Marple, mas tenho uma ideia para solucionar o mistério sobre o motivo pelo qual James Vanderbilt se permitiu escrever o roteiro de Mistério no Mediterrâneo.

O roteiro diz que um assassinato é cometido por um de três motivos: dinheiro, amor ou vingança.



James Vanderbilt cometeu o seu roteiro premeditadamente.

Com certeza, amor é um motivo aqui. Ele deve escrever por amor a seu metiê. 

Vingança também. Ao escrever (e conseguir vender) o roteiro de Mistério no Mediterrâneo, Vanderbilt se vingou de todas as pessoas que não acreditaram nele in the first time, que disseram que isso é perfumaria, e desdenharam de sua capacidade.

No mundo em que vivemos, a qualidade artística até pode ser valorizada, mas o sucesso comercial é tudo. 

Vanderbilt escreveu o roteiro sob medida para obter um produto pasteurizadinho e de fácil deglutição, uma comédia falsamente "despretensiosa", afinal de contas, ela alcançou a pretensão principal.

Para a indústria, que diferença faz se o roteiro é ruim, mas o filme atinge o objetivo financeiro?

Dinheiro, amor, vingança, tudo isso explica porque James Vanderbilt escreveu o seu roteiro. 

Mas não explica porque Mistério no Mediterrâneo soa como uma homenagem (um tanto duvidosa) a um outro filme que os cinéfilos amam. 

A resposta, meu amigo, o vento está soprando.

Ou melhor, a supracitada entrevista de James Vanderbilt está soprando: 

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"Um de meus filmes favoritos era Assassinato por morte. Um filme de Neil Simon que meu irmão e eu não nos cansávamos de assistir."


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quinta-feira, julho 11, 2019

Capitã Marvel

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Ah, as delícias de se morar numa cidade pequena!

Uma delas é ainda ter à disposição uma videolocadora operacionalmente viável e ativa.

A locadora aqui de minha cidade comprou 12 cópias deste filme.

Não me surpreendi bastante ao conseguir locá-lo em plena terça-feira.

Peguei em Blu-ray.

Sou do tipo exigente, quero sempre a melhor qualidade possível.

E os produtores também foram exigentes ao escalar a atriz Brie Larson para o papel.

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A ganhadora do Oscar de Melhor Atriz por O quarto de Jack (2015) e estrela de Kong: A Ilha da Caveira dá uma envergadura bastante considerável à personagem.

Desde o começo do filme, somos fisgados pelo mistério que paira sobre a protagonista.

Não somente nesse ponto o roteiro de Anna Boden e Ryan Fleck é bem-sucedido.

Além de criar o interesse sobre o passado de Vers / Carol Danvers, a história ajuda a refletir sobre minorias estigmatizadas, um problema bastante terrestre, abordado de forma metafórica com a trágica história de povos de outras galáxias.

Acredito que esse fato não é coincidência, considerando o histórico de filmes anteriores da dupla de roteiristas/diretores Anna Boden e Ryan Fleck.

Os dois têm uma carreira bastante consistente de filmes fora do mainstream, com presença em festivais como Sundance.

Half Nelson (2006), estreia da dupla em longas-metragens, rendeu a Ryan Gosling uma indicação ao Oscar. 

Então, eis que uma das histórias mais interessantes de Capitã Marvel está nos bastidores e mostra que o talento quase sempre é premiado na indústria do cinema, como mostra a meteórica trajetória da dupla que dirigiu o filme. 


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A amizade entre Carol Danvers e Maria Rambeau é importante na trama, mas a surpresa do filme é a dobradinha com Nick Fury.

Em Capitã Marvel, Samuel L. Jackson não é apenas um cara que aparece em cinco minutos do filme.

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Ele contracena com Brie Larson boa parte do tempo, e sua atuação bastante sólida de coadjuvante é um dos trunfos do filme. 

Ao criar uma empatia bastante irresistível entre Nick Fury e Capitã Marvel, o roteiro pavimenta o caminho para atingir o coração do público. 

Puxa, acabo de notar que estou usando bastante uma palavra neste texto.

Seja como for, Capitã Marvel é um filme bastante satisfatório.

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segunda-feira, julho 01, 2019

Fronteiras do Pensamento: Roger Scruton fala sobre redenção e sacrifício

Na noite de 1º de julho de 2019, no Salão de Atos da UFRGS, em Porto Alegre, tendo como anfitrião o jornalista Daniel Scola, palestrou no Fronteiras do Pensamento o filósofo britânico Roger Scruton.





Em estilo polido e discreto, com uma impecável gravata azul com detalhes brancos, transmitiu o seu intricado texto sobre o sentido da vida, que este ano é o tema do ciclo de palestras. Poucas vezes o filósofo erguia os olhos para a plateia, concentrando-se na leitura do texto para uma plateia faminta por significados.

A primeira parte, ou "a deixa", foi contar a história da mãe dele, de seu jeito tímido e retraído, que acabou se casando com uma pessoa amargurada e raivosa (angry).

Scruton conta que deixou a casa dos pais aos 16 anos, entre outros motivos, por incompatibilidade de gênio com o pai dele.

Mais tarde ele e as irmãs se uniram quando a mãe ficou doente com câncer de mama.

Scruton conta esse momento tocante da vida dele com uma fleugma britânica, mas imagino que não deve ter sido fácil para ele narrar um fato tão pessoal.

Ele partiu dessa situação limite para entrar no tema da palestra, o sentido da vida.

No leito de morte, a mãe dele teria declarado aos filhos perplexos, que a vida dela não fizera sentido.

E aquilo acabou se tornando um fator motivador para Roger tentar modificar a vida dele, para tentar se expressar, coisa que a sua mãe passou a vida evitando fazer.



E a redenção, de onde vem?

The redemption comes from the other.

A importância do outro, da relação eu x você (I x You relation), do conflito e da conciliação, foi um dos elementos citados por Scruton na busca do sentido da vida.

Essa dialética das relações interpessoais exige uma "obrigação para responder", uma "accountability" (responsabilização) que no comunismo é proibida.

Sim, Scruton não se esquivou de criticar o comunismo e o seu "mundo despersonalizado", em que as pessoas aprendem que os outros não merecem confiança. 

Em seguida, Sir Roger Scruton citou trechos de seu romance "Memórias de Underground" para, na voz de seus personagens, exemplificar alguns de seus pontos de vista. 

O filósofo também frisou que o comunismo proíbe atos de caridade, e lembrou que a relação com o outro demanda atos de sacrifício.

Não se esqueceu, é claro, de comentar en passant sobre um de seus temas prediletos: a busca pela beleza, um dos fatores essenciais para darmos significado a nossas vidas.

"The meaning of our lives is the meaning that the others bestow".

Na hora das perguntas, o sóbrio orador se transfigurou num sagaz respondedor e arrancou aplausos da plateia quando descreveu algo que acontece muito nas redes sociais, a incapacidade que certas pessoas têm de debater com alguém que defende ideias contrárias.

A melhor maneira de aprimorarmos os nossos pontos de vista, afirma ele, é justamente debatermos com quem tem ideias contrárias. 

Um resumo da palestra e das perguntas da noite pode ser encontrado aqui.