O escocês David Mackenzie faz de A qualquer custo um exemplo consumado de minimalismo e economia. Só para ilustrar essa afirmação, analise os créditos finais. A câmera vai baixando e é repousada ao nível do solo. O espectador vai saindo (ou continua sentado) com a relva dominando a tela. Quer algo mais prosaico e orgânico do que grama? E tudo isso foi realizado sem frescura. A câmera desceu e pronto. Ali estacionou enquanto a plateia se perguntava: qual é o diferencial deste filme? O que o torna um "neowestern" tão badalado e apreciado?
Certamente, humor não é. A rigor, apenas uma cena de alívio cômico. Aquela da surpreendente pergunta da surpreendente garçonete. O roteiro de Taylor Sheridan (que escreveu Sicario: terra de ninguém, dirigido por Dennis Villeneuve) não é obcecado em ser "original", inclusive tem um policial prestes a se aposentar. E ainda por cima, Marcus Hamilton (encarnado por Jeff Bridges) tem como colega de patrulha Alberto Parker (Gil Birmingham), de etnia indígena. Quer dois clichês mais clichês do que esses? Perseguições alucinantes, também não. A direção é discreta, pausada. Tiroteios mirabolantes, idem. Tudo é coreografado sem excessos. No ritmo da vidinha do interior do Texas.
Talvez o diferencial de A qualquer custo seja justamente este: talvez as pessoas estejam saturadas pelo excesso, cansadas de tanta parafernália técnica. David Mackenzie tenta manter o seu filme "low-profile" a qualquer custo. A ênfase não é na ação propriamente dita, mas sim nas motivações dos irmãos Toby (Chris Pine) e Tanner (Ben Foster). A qualquer custo, e abalados com a morte da mãe, os dois resolvem pagar a hipoteca da fazenda. A qualquer custo, resolvem fortalecer os laços fraternos, essa força estranha que une pessoas com personalidades tão distintas, mas que aos olhos de muita gente são "farinha do mesmo saco" ou "vinho da mesma pipa".
Talvez o diferencial do filme seja a sua honestidade.
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