John Carpenter não é um cineasta.
Tal denominação cai melhor para um David Lean, um Steven Spielberg, um William
Wyler. Pessoas acostumadas com orçamentos épicos e elencos grandiosos.
Este especialista em suspense é
também especialista em driblar os baixos orçamentos com imaginação e um
instinto natural para o grotesco. Desde o início da carreira, emplacou pequenos
clássicos do terror, como Halloween (1978)
e Christine (1983). Também inovou nos
policiais, vide a violência e a fotografia sombrias de Assalto à 13º DP (1976).
Pelo modo com que faz seus filmes, o
diretor John Carpenter mais se assemelha a um humilde carpinteiro. Na sua
oficina, recebe a matéria-prima de um novo trabalho. Um roteiro simples de ação
ou suspense. Abre seu armário de ferramentas. Hora de lançar mão de seu
arsenal. Atores pouco conhecidos, alguns beirando a canastrice. Efeitos
especiais suspeitos, entre o econômico e o podreira. Uma pitada de humor negro. E muito sangue.
O resultado sempre tem a sua marca
registrada. Um dos motivos é a música de sua autoria. Do piano sinistro de
Halloween ao rock pesado de Fantasmas de Marte, Carpenter não
abre mão de fazer a música de seus filmes.
Nem sempre, porém, o produto sai bem
acabado. É o caso de Fantasmas de Marte (2001). O filme
oscila entre o suspense, a sátira e a paródia. O enredo, alegadamente inspirado
no faroeste Onde começa o inferno, de
Howard Hawks, passa-se em Marte no ano de 2176. Os terráqueos têm colônias no
planeta vermelho. E onde há humanos, há mocinhos e bandidos.
Quem conta a história é a tenente
Melanie (Natasha Henstridge), em flashbacks
que satirizam a onda de filmes contados de trás para frente. Ela é a
oficial de uma missão especial. Com a ajuda da comandante, um experiente
sargento e dois recrutas, viajam de trem até uma estação para fazer a
transferência de um perigoso facínora, codinome Desolation (Ice Cube).
Este é o ponto de partida para uma
trama (?) repleta de cabeças decepadas, invasões de corpos, jugulares cortadas
e dedos atorados. O que sustenta o filme é justamente a dupla de protagonistas.
A possante (e não siliconada) loira Natasha e o mal-encarado Ice Cub fazem
funcionar uma parceria improvável – mas quente.
Subcultura? Pode até ser, mas John
Carpenter não está nem aí. Não é um enganador. Entrega ao público o que ele
pagou para ver.
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