Meu primogênito completa 10 anos em 9 de outubro.
Em 13 de outubro, ele estará no Estádio Beira-Rio lotado para ver seu primeiro show de rock.
Quem vai estar comandando as ações no palco será um jovial senhor de 75 anos de idade, que atende pelo singelo nome de Paul McCartney.
Ou apenas Paul, para os mais íntimos. No caso, para quem já leu a biografia escrita por Philip Norman, cuja edição brasileira tem a tradução de Rogério Galindo e Cláudio Carina.
Tive alguns receios ao longo da leitura desta obra.
Primeiro, o de não conseguir terminar o livro, afinal de contas, são 800 páginas.
Fiquei com medo de "perder o fôlego" e abandonar, ou perder o "momentum".
Na prática, fui deixando esse medo de lado e simplesmente degustando o texto.
Lá pelas tantas, o receio voltou.
Será que a leitura se tornaria menos interessante após o fim dos Beatles?
Mas, ufa, meu fôlego não arrefeceu, pois vieram as brigas, as pendengas judiciais, as desilusões com os amigos.
A estrutura da obra ajuda, com capítulos não muito longos. O estilo literário de Norman (bem respeitado pelos tradutores) é pragmático, objetivo; a escolha do material a ser incluído visa a fazer a história andar, não entra em detalhes desnecessários.
Norman demonstra entender do primordial: das músicas. Do imenso repertório dos Beatles e de Paul, comenta en passant a criação de algumas essenciais, como Yesterday, Hey Jude e Mull of Kintyre.
A impressão que temos é a de um biógrafo no auge de sua forma escrevendo sobre um biografado que continua lotando estádios e fazendo shows de mais de 3 horas de duração com um público empolgado.
Ainda assim, fiquei com receio de perder o interesse pelo livro após a morte de John Lennon.
Depois, após o término dos Wings. Depois, após a morte de Linda.
Mas não: todas as noites, antes de dormir, eu pegava o livro com a mesma vontade e ímpeto.
O derradeiro medo: o casamento com Heather Mills.
Havia lido um comentário criticando a biografia por se estender muito nesta parte relativamente curta da vida de Paul.
Eis que não concordei com a crítica, achei tudo bem equilibrado, e como foi um dos assuntos mais polêmicos da vida dele, é justo que o biógrafo se detenha um capítulo a mais para colocar os pingos nos ii, mas, como frisei, tudo sem perder o foco, mantendo o livro dentro de um planejamento mais amplo, sem fazer muitas revelações bombásticas, apenas britânica e cavalheirescamente descrevendo os fatos e uma vida.
Em outubro, Porto Alegre vai escrever mais uma singela página da vida deste grande músico e compositor. Mas que é gente como a gente.
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