sexta-feira, junho 30, 2017

Ladrões de bicicleta

           
               Em 1949, o filme Ladrões de bicicleta, do italiano Vittorio De Sica, mereceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Dois anos antes, De Sica já havia recebido um Oscar honorário, que praticamente levou à criação da categoria, com Vítimas da tormenta (Shoeshine), sobre dois amigos engraxates.
          Ladrões de bicicleta é o aprimoramento do seu estilo que se convencionou chamar "neorrealista" e que influenciou os caminhos de Hollywood na década de 50. É uma fábula sobre o renascer e a perda da esperança, com um final daqueles de ficar pensando.
             Um desempregado é chamado pela agência de empregos. A vaga oferecida é de colador de cartazes e o candidato deve ter bicicleta própria. Só através dela pode conseguir o emprego. Volta para casa preocupado, pois havia penhorado a bicicleta para comprar comida para a família.
            Que problema o homem não conta para a esposa, que ela não dê um palpite, uma dica, ou mesmo a solução definitiva? A esposa de Antonio leva todos os lençóis do enxoval para a casa de penhores e levanta o valor para retirar a bicicleta. O marido consegue o emprego.

            Contente, o chefe de família começa animado uma nova fase. Nem bem tem o gostinho de voltar a trabalhar, sofre um revés, pela ação dos larápios do título. Então começa a melhor parte do filme. 
           Antonio, com a ajuda de amigos e do filho Bruno, passa um fim-de-semana tentando recuperar a bicicleta roubada. Nesta comovente busca, enfrenta a omissão de uns, o fingimento de outros e, por fim, a dúvida de estar acusando alguém injustamente. Em uma sequência memorável, persegue um suspeito até sua casa e quase é linchado pelos vizinhos. Inconformado com a falta de sorte, o protagonista toma uma decisão desesperada.
           
      O menino Enzo Staiola tem um desempenho notável como o pequeno e emotivo Bruno. Já o ator Lamberto Maggiorani encarna o transtornado Antonio, produto da recessão do pós-guerra na Itália. Sua atuação dá a medida exata de até onde um homem consegue manter a esperança, e quando começa a perdê-la.
           Muitas décadas se passaram, mas o drama do desemprego ainda é uma realidade em muitos países.

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