Luc Besson é um cineasta na verdadeira acepção da palavra. Ou seja, dirige filmes concebidos por ele, brotados de sua sensibilidade, de sua "alma", de seu intelecto. Estuda o assunto e escreve o roteiro. De quebra, opera a câmera em todos os seus filmes. Em 1983, aos 24 anos, foi premiado como Melhor Diretor e Melhor Filme no Fantasporto, com a ficção científica O último combate. Foi o empurrãozinho que o menino-prodígio precisava para continuar a produzir seus filmes particulares e pessoalíssimos.
Após Subway (1985), realizou os dois filmes que o tornaram conhecido do "grande público": Imensidão azul (1988) e O profissional (1994, estreia de Natalie Portman). Sua filmografia tem outros destaques, como Nikita (1990), O quinto elemento (1997) e Joana d'Arc (1997). Entra o século XXI e Besson, que compara o ofício do cineasta a uma espécie de decatlo artístico, passou a se dedicar mais à produção, fazendo uma espécie de sabático na direção. Em uma década, só assinou dois filmes de animação, por sinal, espinafrados pelo site Rotten Tomatoes: Arthur e os minimeus (2006) e Arthur e a vingança de Maltazard (2009).
Assim, num passe de mágica, o diretor talentoso com currículo sólido passa a ser visto com outros olhos, o cara excêntrico que faz o que dá na telha e se dá ao luxo de ignorar as críticas.
Nesse breve apanhado da carreira de Besson, Lucy (2014) é uma espécie de "volta por cima", ou à boa forma, digamos assim.
Nos extras, o parisiense criado na Grécia explica a gênese do roteiro. Envolveu anos de pesquisas e conversas com cientistas sobre o tema palpitante que é a capacidade cerebral humana. Uma pitada de ficção ousada, uma protagonista escolhida a dedo e uma história repleta de ação e reviravoltas nos faz exclamar: puxa vida, por onde andava Luc Besson?
Voltou com tudo. Lucy é um baita filme em todos os sentidos. Ao mesmo tempo em que é frenético, também emociona e faz pensar. Até onde pode chegar a capacidade de nossos cérebros, se utilizamos apenas 10% das conexões possíveis?
Para treinar, eis que vou fazer uma sinopse muito sucinta do argumento. Uma sinopse técnica não deve contar mais do que o mínimo necessário. Nos dias de hoje, uma sinopse deve ser ainda mais cuidadosa, para não revelar os tão famigerados "spoilers". (Embora esteja em voga a criação de trailers que em dois minutos contam o filme inteiro.)
Por isso a minha sinopse de Lucy terá apenas uma frase e vai procurar não revelar quaisquer detalhes que possam ser considerados spoilers. Mas faço a ressalva: sinopses que não revelam quaisquer detalhes podem parecer muito genéricas.
SINOPSE DE LUCY SEM SPOILERS
Jang (Choi Min-sik) chefia uma sinistra rede de tráfico, enquanto o professor Samuel Norman (Morgan Freeman) dá palestras sobre a capacidade ilimitada de nossos cérebros; o destino dos dois vai mudar radicalmente ao conhecerem uma moça chamada Lucy (Scarlet Johansson).
Pois é, esse foi o melhor que consegui fazer. Qualquer outra frase incluiria um spoiler, já que desde o comecinho do filme é uma surpresa após a outra e o ritmo é daqueles de "tirar o fôlego". Se a pessoa conta a cena inicial, já está contando um spoiler. Tal é o dilema de um resenhista.
Ficamos assim, sem uma sinopse mesmo. A função da resenha, afinal, é atiçar a curiosidade do leitor para ver o filme. Espero ter alcançado esse desiderato.
Uau! Vc tinha razão; baita filme! (Onde eu estava, q não vi esse filme antes?)
ResponderExcluirE uau! Deve ter sido a sinopse mais minimalista q já li! Mas não fosse pelos 3 parágrafos anteriores à sinopse, não teria dado bola pro filme!