Do not forsake me, oh my darling... A
balada de Dimitri Tiomkin, cantada por Tex Ritter, toca na abertura de High
Noon (Matar ou morrer), enquanto na tela, em preto e branco claro e
nítido, três cavaleiros mal-encarados se reúnem e se afastam trotando. Belo videoclipe
feito em 1952.
A frase musical retorna a todo
instante no filme, no saloon o pianista a está tocando, e por onde anda Will
Kane tentando, em vão, recrutar ajudantes, o tema volta. Isso contribui para a
unidade e a força expressiva do filme.
High Noon levou três prêmios da
Academia: Melhor Edição, Melhor Canção e Melhor Ator. Gary Cooper imortalizou
Will Kane, o xerife de uma pequena cidade que, às vésperas de ser substituído,
aproveita a manhã de domingo para casar com ninguém menos que Grace Kelly. A
câmera focaliza o relógio: são dez e meia. Chega um telegrama avisando que
Frank Miller, assassino preso por Kane há cinco anos, está solto e vai chegar
na cidade no trem das doze.
A primeira opção do novo casal é
partir logo. Não demora muito Kane, sob os protestos da esposa, dá meia-volta.
Will Kane justifica a decisão: fugir agora seria fugir sempre e a vantagem de
tempo era pouca.
Por sinal, tempo é o fator
fundamental em High Noon. O filme de Fred Zinnemann ficou famoso por contar a
história em “tempo real”. Esse recurso criou um clima de expectativa poucas
vezes alcançado no cinema.
Kane
tem pouco mais de uma hora para conseguir ajuda. O tempo vai passando e ninguém
se propõe a ajudá-lo a enfrentar os bandidos. Até seu ajudante (Lloyd Bridges,
pai de Jeff e Beau) rói a corda. A covardia se espalha e o único voluntário
desiste na hora H. A situação de Kane torna-se excruciante.
High Noon é, pois, a crônica de uma
morte anunciada. De braços cruzados, a
cidade aguarda a inexorável chegada do trem, e a nuvem de sangue e morte que
virá com ele. Constantemente a ferrovia sumindo na planície deserta é mostrada.
É quase meio-dia, e podemos respirar a atmosfera pesada e carregada que toma
conta da cidade. Nunca um trem foi
tão esperado em um filme.
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