O covencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2018, o médico Denis Mukwege, falou no Salão de Atos da UFRGS sobre a sua trajetória e seu trabalho. A conferência realizada na segunda-feira, dia 19 de agosto de 2019, teve como moderador o jornalista Daniel Scola.
Com impressionante eloquência, Mukwege desconcertou todos os presentes com uma palestra em que as palavras tinham um significado maior do que meros lexemas pronunciados atrás do púlpito da Braskem.
Mukwege (que ano passado dividiu o Nobel da Paz com a iraquiana Nadia Murad, cuja inspiradora história, por sinal, em breve será publicada no Brasil pela Editora Novo Século, diga-se de passagem, com tradução minha) fez uma narrativa envolvente sobre a sua trajetória, desde pequeno até hoje.
Ao contar a história da vida dele, contou também a história de seu país natal, a República Democrática do Congo (antigo Zaire), devastado por guerrilhas e disputas territoriais, com guerra civil, e uso do estupro como arma de guerra.
Uma das coisas mais chocantes que ele contou foi que a mineração do tântalo, mineral aplicado na indústria de smartphones, é uma das principais causas das guerras internas lá na RDC. Perguntado sobre a responsabilidade dessas empresas, ele afirmou que elas sabem de onde vem o minério e das circunstâncias envolvidas. Em outras palavras, são coniventes.
Sem papas na língua, em sua narrativa, Denis contou que desde criança já sabia que seria médico, quando acompanhava o pai e notava o quanto o país era carente de remédios e atendimento na área de saúde.
Mais tarde, escolheu a especialidade ao se revoltar com a mortalidade infantil e também com o alto índice de mortalidade materna nas cidades e aldeias da RDC.
Desenvolvendo um trabalho sério, hoje Denis Mukwege lidera um hospital que ajuda a mitigar as violências físicas e psicológicas sofridas por mulheres, por conta das turbulências internas no país. Por conta de seu ativismo, em 2012 ele sofreu um atentado que vitimou seu segurança.
Ao longo do palpitante discurso, ele descreveu as atrocidades que as mulheres sofrem na RDC e o trabalho desenvolvido no hospital.
A plateia fez muitas perguntas e aplaudiu de pé o conferencista.
No final, Daniel Scola perguntou a Denis Mukwege qual autoridade ou líder que ele gostaria que abraçasse a causa de levar dignidade às mulheres da RDC.
A resposta de Denis Mukwege revelou o quanto ele é sábio e agregador: "O presidente do Brasil".
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